Agência Estado
postado em 10/02/2018 18:04
Entidades reagiram com veemência às declarações do diretor-geral da PF, Fernando Segovia, em torno de um possível arquivamento do inquérito que investiga o presidente Michel Temer pelo Decreto dos Portos e a respeito de uma possível investigação contra o delegado Cleyber Malta Lopes, que fez perguntas ao emedebista sobre o caso. Em nota conjunta, o sindicato e a associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, e o sindicato dos delegados federais paulistas, afirmaram, neste sábado, 10, que Cleyber "agiu - e age - respaldado pela mais absoluta legalidade".
"Entendemos que qualquer espécie de ameaça às prerrogativas de um Delegado de Polícia, previstas na Constituição Federal, deve ser rechaçada imediatamente a fim de que se preserve a função fundamental desse agente público, que é a de buscar a verdade de forma incansável e legalista para que sua decisão seja a mais justa possível não só para o investigado como para toda a sociedade", dizem as entidades.
À agência Reuters, Segovia afirmou que a tendência é que as investigações contra o presidente Michel Temer sobre o Decreto dos Portos sejam arquivadas. Em entrevista, ainda disse que se houver um pedido da Presidência, a PF pode abrir uma investigação interna para apurar a conduta do delegado Cleyber Malta Lopes nos questionamentos apresentados ao medebista no decreto. O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso mandou intimar o diretor-geral da PF para esclarecimentos.
Segundo os sindicatos e associações paulistas, por meio de nota, ;nenhum dirigente de instituição policial deve tecer comentários públicos sobre uma investigação em andamento que não preside e, menos ainda, fazer ilações sem qualquer embasamento probatório para antever desfechos;. "É sem cabimento que, no momento em que vive este país, com um anseio cada vez mais profundo da população pela ética e transparência dos que comandam a nação, haja um posicionamento desse tipo do Diretor Geral da Polícia Federal".
"É prerrogativa do Delegado de Polícia ouvir testemunhas e investigados. Ele jamais pode ser alvo de apuração por fazer perguntas a um suspeito, independentemente de quem seja ou do cargo que ocupe. Afirmar que o Delegado de Polícia pode até se ;punido; pelo ;tom; de suas perguntas é inaceitável, por isso, manifestamos irrestrita defesa às suas prerrogativas e veemente repúdio a qualquer tentativa ou ato de ingerência política no que diz respeito ao seu trabalho nas investigações do caso", declaram.
Os delegados ainda dizem que ;interferências políticas de qualquer natureza devem ser repelidas, motivo pelo qual é necessário que as Polícias Judiciárias tenham Autonomia reconhecida no texto constitucional;.