postado em 23/02/2018 06:00
Apesar de não confirmar a candidatura à Presidência da República neste ano, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dá sinais cada vez mais claros de que o caminho será esse. Ontem, em entrevista à Rádio Itatiaia, em Minas Gerais, descartou a possibilidade de ficar à frente da pasta em um próximo governo. ;Acho que a etapa como ministro da Fazenda é uma etapa cumprida. Estamos agora contemplando essa nova fase de uma possível candidatura à Presidência;, afirmou.
Mesmo garantindo que ainda não tomou a decisão de disputar a próxima eleição, ele disse que, ;em 40 dias ou um pouco mais;, tomará a decisão se vai continuar no serviço público, ;mas ampliando bastante o escopo. Segundo Meirelles, é possível colaborar com o país de forma mais eficaz e abrangente se isso que está acontecendo na economia puder ser levado a todos os setores da vida dos brasileiros.
Questionado sobre as vantagens e as desvantagens de o processo eleitoral no país ocorrer apenas de cinco em cinco anos, Meirelles considerou que um período maior sem eleições é positivo por ter uma continuidade maior de políticas e menos sobressaltos durante os processos políticos. ;Por outro lado, por ser um processo concentrado, essa eleição pode ter mais volatilidade nos mercados;, acrescentou.
Haddad
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu aval para que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad mantenha conversas com outros partidos para a construção de uma unidade da centro-esquerda antes do início formal da campanha eleitoral, em agosto. Haddad é coordenador do programa de governo do PT para a eleição presidencial deste ano.
Haddad se reuniu ontem com Lula para relatar o teor da conversa que teve com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, durante jantar, anteontem, no apartamento do ex-deputado Gabriel Chalita. Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, Haddad e Ciro falaram sobre a necessidade de construção de uma unidade da centro-esquerda na eleição de outubro. A conversa não girou em torno de nomes nem da possibilidade de um plano B caso Lula fique mesmo impedido de disputar a eleição ; o petista pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Ambos concordaram que o manifesto divulgado também na terça-feira pelas fundações ligadas ao PT, PDT, PCdoB, PSB e Psol pode ser um ponto de partida para o início da aproximação. O documento omite qualquer referência em relação à candidatura de Lula. Segundo pessoas que participaram da elaboração do texto, a omissão foi um pedido de Ciro.
O encontro de Haddad com Ciro provocou insatisfações na cúpula do PT. Dirigentes que participaram da reunião da Executiva Nacional do partido, ontem, em São Paulo, reclamaram da postura do ex-prefeito que, segundo eles, reforça as especulações sobre um plano B a Lula.
Em conversas reservadas, dirigentes ressaltaram que Haddad não fala em nome do partido. Para alguns, o encontro foi um sinal de que ele se movimenta para ser o vice na chapa de Ciro, hipótese que o ex-prefeito nega. ;Essa história de plano B está sendo pautada de fora para dentro;, disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, segundo relatos de participantes da reunião.