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Politica

Carlos Marun nega que Segovia tenha caído devido a polêmicas no governo

Segundo o responsável pela articulação política com o Congresso Nacional, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, tem liberdade para montar a própria equipe



A permanência de Segovia à frente da direção-geral da Polícia Federal era insustentável. A polêmica declaração de que a investigação contra Temer fosse arquivada, e a proibição pela Justiça de dar declarações, o limaram junto ao governo. "Não dá para ter um diretor que a Justiça manda calar a boca toda hora. Ele se dedicou mais aos holofotes do que ao trabalho discreto que se espera de um diretor-geral", disse um interlocutor do governo.
No entanto, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, nega que Segovia tenha caído devido às polêmicas. O responsável pela articulação política com o Congresso Nacional destaca que o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, tem liberdade para montar a própria equipe. "Ele está escolhendo as peças que considera mais adequadas para levar a frente este trabalho que consideramos absolutamente importante neste momento crítico e importante da segurança nacional", frisou.
Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luis Boudens, a substituição no comando da PF é uma clara opção de Jungmann, que deseja colocar alguém de confiança. Ele admite, no entanto, que Segovia acumulou situações constrangedoras. "Foi um acúmulo de situações muito ruins", ponderou. Com a troca, ele espera que a situação de disposição e constrangimento seja estancado na gestão da PF. "Que isso gere uma tranquilidade maior para os investigadores. Acho que é uma situação que nos beneficia", avaliou.
A Fenapef destaca, ainda, que Galloro terá total apoio dos policiais federais para ocupar a função. E avalia que o novo diretor-geral tem um perfil que pode favorecê-lo sob a gestão de Jungmann. "Ele tem um perfil operacional, discreto, e tem bom relacionamento com os servidores do órgão. Tem se destacado pela dedicação nos setores onde foi lotado. É reconhecido pelos colegas como um nome qualificado para desempenhar as importantes atribuições da função", ressaltou Boudens.

Exoneração


Raul Jungmann anunciou, nesta terça-feira (27/2), a exoneração de Fernando Segovia da Direção-Geral da Polícia Federal. Ele será substituído pelo delegado Rogério Galloro.

No último dia 9, Segovia concedeu uma entrevista à agência Reuters e afirmou que a tendência era que a investigação contra o presidente Michel Temer no caso do Decreto dos Portos fosse arquivada. Segundo Segovia, não existiam elementos que confirmassem o pagamento de propina da empresa Rodrimar para o presidente.

Desde então, Segovia lidava com a pressão para deixar o cargo. O ex-diretor chegou a ser intimado a prestar esclarecimentos pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta segunda-feira (26/2), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu à Corte que, por meio de uma ordem judicial, impedisse Segovia de fazer declarações sobre inquéritos em curso, sob pena de perda do cargo em caso de descumprimento.