Ana Dubeux
postado em 25/03/2018 14:35
A histórica sessão do Supremo Tribunal Federal, cuja pauta era a análise do pedido de habeas corpus preventivo do ex-presidente Lula, teve transmissão em um monte de canais no YouTube, além dos tradicionais veículos de mídia. Foi acompanhada por olhos e ouvidos atentos de brasileiros dos mais variados matizes políticos. Também foi analisada quadro a quadro por observadores interessados no Fla x Flu jurídico da mais alta corte do país. O que se viu, no entanto, pareceu um joguete de futebol de várzea. Suas excelências não estão mais com a bola toda.Exibicionismo, vaidade e briga por convicções pessoais ; que mudam ao sabor dos interesses políticos ; são alguns dos atributos dos senhores ministros que ficaram evidentes nas últimas sessões do STF. Sem direito à prorrogação, porque, afinal, suprema corte tem direito a supremo feriado, a sessão terminou de forma lacônica sem decisão de mérito, com 1 x 0 a favor de mensaleiros, corruptos, condenados de colarinho branco. Eles continuam em vantagem, como, aliás, sempre estiveram. O fim da sessão não foi frustrante apenas pelo resultado, e sim pelo que representa: trata-se, apenas, de mais um recurso protelatório. Foi triste pela cena em si, pelo espetáculo de pouca grandeza que o STF vem proporcionando aos cidadãos.
Graças à Lava-Jato, juízes, promotores e ministros tornaram-se seres conhecidos da população. Como uma Rapunzel encastelada, escondido por uma estrutura ritualística e pelo juridiquês, um guardião da lei antigamente era isento do julgamento público, protegido pela toga. Não mais. Eles ganharam nome e rosto ; além de apelidos, memes e afins. Conquistaram visibilidade, popularidade, apreço e desprezo. Foi como se o pavão abrisse a cauda. Impossível não notar.
Os homens são animais políticos; seguirão sendo pela eternidade. Juízes e ministros não são diferentes. Têm interesses próprios e sabem brigar por eles ; vide a cara de pau de bradar publicamente pelo injustificável auxílio-moradia. Mas o que se espera dos senhores juízes, investidos de função pública e cheios de regalias, é que eles cumpram a lei, façam justiça e acabem com a impunidade. E o façam com capacidade técnica, respeito e serenidade. Simples assim.