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'A famosa mala de dinheiro não saiu da Rodrimar', diz empresa dos portos

Agentes da Polícia Federal prenderam o empresário e advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima Filho

Agência Estado
postado em 29/03/2018 19:02
Michel Temer com a mão na boca
A Rodrimar, alvo da Operação Skala deflagrada nesta quinta-feira, 29/3, para pegar amigos e aliados do presidente Michel Temer, afirmou em uma nota extensa que "nunca recebeu qualquer privilégio do poder público em mais de sete décadas de existência".

[SAIBAMAIS]Agentes da Polícia Federal, munidos de autorização do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), prenderam o empresário e advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima Filho - muito próximos de Temer - e fizeram buscas em 20 endereços, entre os quais a sede da Rodrimar, em Santos (SP).

"A operação não afetou os negócios da companhia, que completará 75 anos de trabalho com muita qualidade e com a fidelidade e o respeito de seus clientes e de todo o setor de comércio exterior no Brasil", afirmou o grupo.

"A Rodrimar e seu presidente foram surpreendidos com a Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal em dia de feriado no Judiciário, impossibilitando o acesso dos advogados aos autos", destaca nota.

Em outro trecho do texto, a companhia afirma que "nunca pagou propina a nenhum agente público e nunca autorizou que alguém o fizesse em seu nome".

A companhia cita o emblemático capítulo da mala dos R$ 500 mil da JBS, filmada nas mãos do ex-assessor do presidente, Rodrigo Rocha Loures, em abril do ano passado, em uma rua de São Paulo. O dinheiro seria destinado a Temer via um executivo da Rodrimar.

"A ;famosa; mala de dinheiro não saiu da Rodrimar nem era destinada a ela ou a seus executivos, como já foi esclarecido nos autos da investigação", diz a empresa. "Já houve, inclusive, uma denúncia referente a essa questão da mala sem nenhuma acusação contra alguém da Rodrimar."

A empresa assinala que também "soa estranho que um inquérito da década de 1990, já arquivado e no qual ninguém da Rodrimar tenha sido sequer intimado tenha sido usado para esse extemporâneo mandado de prisão".

"Também é falsa a afirmação apurada em um inquérito da década de 1990 de que tenha havido ;caixinha; ou ;caixa dois;, tanto que o inquérito já foi arquivado por determinação do Supremo Tribunal Federal".

Sobre o Decreto dos Portos, assinado em 2017 por Temer, a Rodrimar esclareceu que "seus dirigentes atuaram, sim, como representantes e parceiros das entidades setoriais no sentido de ajudar a construir o texto de um decreto".

"Todas as empresas que atuam nos portos brasileiros participaram ativamente desses esforços."

O grupo reconhece que "é verdade que algumas das reivindicações do setor foram atendidas pelo governo federal sim, mas boa parte não foi, inclusive a adaptação dos contratos assinados antes de 1993, o que era o principal interesse da Rodrimar, pois o maior de seus contratos correspondente a cerca de 80% do faturamento da empresa, é de 1991".

"O decreto não beneficiou nenhuma empresa. Ele estabelece critérios que podem vir a permitir a adaptação de 114 contratos de concessão em portos públicos obtidos em processos licitatórios a partir de 1993, entre eles um da Rodrimar, responsável por menos de 10% do faturamento da empresa. As concessionárias tiveram de informar ao governo quanto pretendem investir para adaptar os contratos ao decreto e a decisão cabe agora ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil", ressalta a nota da Rodrimar.

"Não compreendemos qual tipo de benefício ou privilégio a empresa teria recebido do Poder Público se ela teve de recorrer à Justiça para garantir os seus direitos e continuar operando. Reiteramos que a Rodrimar nunca recebeu qualquer privilégio do Poder Público em mais de sete décadas de existência. A companhia sempre atuou com ética, competência e respeito aos seus clientes, colaboradores e parceiros. E assim continuará"

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