Politica

Lula diz que vai se entregar: "Eu vou provar minha inocência"

Anúncio foi feito durante a missa em homenagem a Marisa Letícia. A cerimônia em São Bernardo do Campo ganhou tons políticos e teve pedidos dos militantes para que Lula não se entregasse à PF

Jacqueline Saraiva, Vinicius Nader, Felipe Seffrin - Especial para o Correio, Adriana Izel
postado em 07/04/2018 12:55
Lula e aliados do PT em cima do carro de som em São Bernardo do Campo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou, neste sábado (7/4), durante a missa em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia em São Bernardo do Campo (SP). No evento, Lula anunciou que irá se entregar à Polícia Federal, que decretou a prisão dele na última quinta-feira (5). "Se dependesse da minha vontade eu não iria, mas eu vou, porque eles vão dizer que eu estou foragido. Eu vou lá na barba deles para eles saberem que eu não tenho medo, saberem que eu vou provar minha inocência", afirmou.

Segundo Lula, a prisão dele é um dos desejos de Sérgio Moro, do Ministério Público, da operação Lava-Jato e da mídia brasileira. "Tanto o Moro, o TRF-4, a Lava-Jato, a Globo têm um sonho de consumo. Eles querem que eu não participe como presidente da República em 2018. Eles não querem ver o Lula de volta, porque pobre, na cabeça deles, não tem direito. O outro sonho de consumo deles é a fotografia do Lula preso. Fico imaginando o tesão da Veja em colocar a foto na capa. Eles vão ter orgasmos múltiplos. (...) Eu vou atender o mandado deles, porque eu quero fazer a transferência de responsabilidade", afirmou.

Ao longo do discurso que durou quase uma hora, Lula fez uma série de agradecimentos a aliados, pré-candidatos, sindicalistas e afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff foi "injustiçada". Também aproveitou para celebrar a nova fase política do país, citandos os pré-candidatos à presidência da República Manuela d;Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSol).

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[SAIBAMAIS] Ele começou dizendo "eu sou o único ser humano que foi processado por um apartamento que não é meu". Lula chamou de mentirosas as acusações e emendou: "Eu não preciso de provas, eu tenho convicção. Eu quero que ele (Sérgio Moro) guarde a convicção dele para os comparsas dele e não para mim". Ao fim do discurso, garantiu: "Eu sairei dessa maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente, porque eu quero provas de que eles é que cometerem o crime. Eu vou provar minha inocência".

Lula é carregado pelos militantes

Após o discurso, Lula deixou o carro de som e foi levado nos braços dos militantes para a área interna da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ao som dos gritos de "Eu sou o Lula" motivados por Gleise Hoffmann, senadora e presidente do PT.

Confira o discurso de Lula

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Missa em São Bernardo do Campo

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A missa em homenagem à Marisa Letícia, ex-primeira-dama, em São Bernardo do Campo, foi marcada por tons políticos e de defesa a Lula. Coros de "não se entrega, não se entrega" e "olé, olé, olá, Lula, Lula" foram ouvidos ao longo da cerimônia, que contou com discursos de padres, pastores e políticos ligados ao Partido dos Trabalhadores, como a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-assessor especial da presidência Gilberto Carvalho Gilberto Carvalho, intercalados com canções escolhidas por Lula. A cerimônia teve canções políticas da música popular brasileira: Maria, Maria (Milton Nascimento, na voz de Elis Regina), Asa Branca (Luiz Gonzaga), O que é, o que é (Gonzaguinha) e Deixa a vida me levar (Zeca Pagodinho).

Quase sem voz e pedindo para aumentar o volume do carro de som, Luiz Inácio Lula da Silva começou a discursar após um coletivo de artistas entoar a canção Zé do Caroço, de Leci Brandão, que contou com o coro dos militantes, principalmente, no trecho que diz "estar nascendo um novo líder". Antes de começar a falar, o ex-presidente foi interrompido por mais gritos de "não se entrega", e fez questão de cumprimentar os aliados que estavam no trio elétrico, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e a senadora Gleise Hoffmann -- os três foram os mais aplaudidos.

Ordem de prisão

Favorito às eleições de outubro, Lula enfrenta desde a quinta-feira (5) um mandado de prisão decretado pelo juiz Sérgio Moro para o início do cumprimento da pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e por lavagem de dinheiro.

Em Curitiba, espera por Lula uma cela de cerca de 15m2, com banheiro privativo e direito a duas horas diárias de banho de sol. Moro havia oferecido a possibilidade de que Lula se apresentasse "voluntariamente" em Curitiba até as 17h de sexta-feira, mas o prazo foi ignorado pelo ex-sindicalista, que preferiu ficar em seu "bunker", cercado pelos milhares de militantes que manifestam seu apoio e se mantêm em vigília dia e noite.

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