Politica

Abertura de janela partidária faz 80 deputados trocarem de partido

TSE divulga em 18 de abril lista com todas as mudanças. MDB perde o maior número de parlamentares, 16, e DEM é o que mais ganha, 14. Números contrariam a tradição de que as maiores agremiações são as que recebem adesão

Bernardo Bittar
postado em 11/04/2018 06:00
Plenário: movimentação não deve mudar, efetivamente, o tamanho das bancadas na Câmara

Cerca de 80 deputados federais aproveitaram a janela partidária para mudar de legenda. O número corresponde a 16% do total de parlamentares da Casa, 513. Desde a semana passada, quando o Correio publicou o primeiro levantamento, os números absolutos pouco mudaram. O MDB, partido do presidente da República Michel Temer, foi o que mais perdeu deputados durante os 30 dias da janela, totalizando 16 a menos na bancada. O que mais ganhou com as mudanças foi o Democratas, sigla a que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ) é filiado.

A lista com todas as mudanças detalhadas deve ser divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no próximo 18 de abril. A filiação partidária é requisito para o registro de candidatura para a eleição. ;Você pode ver que os maiores acabaram tendo prejuízo. Normalmente, as janelas beneficiavam justamente esses, pois era para onde quem estava nos nanicos e nos médios queria migrar;, explicou o cientista político Carlos Pereira, professor aposentado da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

[SAIBAMAIS]Embora tenha havido essa movimentação, é preciso lembrar que não faz tanta diferença na prática, pois ninguém teve debandada capaz de mudar efetivamente o tamanho. ;A mensagem que isso manda é a de que existem pessoas insatisfeitas que buscam a melhor forma de se reeleger. As eleições ficam muito incertas, pois ainda não se definiu dinheiro nem protagonismo. Temos aliados de Temer que foram para o partido dele, por exemplo. Assim como em outros. Esses caras, que tinham eleitores, podem acabar ;engolidos; por quem foram apoiar;, completou.

O DEM, cuja cabeça de chapa em eventual eleição presidencial será Rodrigo Maia, ganhou 14 deputados. Foi seguido pelo PSL, que ganhou o reforço de Jair Bolsonaro (RJ) e de seus dois filhos. Além deles, outras cinco pessoas se filiaram ; totalizando oito novos integrantes. O PR ganhou sete. As disputas locais foram o maior desafio dos deputados, que, em alguns casos, negociaram as saídas de acordo com as relações com o partido em seu estado de origem. Uma óbvia preparação para o pleito deste ano.

Embora o prazo tenha acabado dia 6, os partidos têm até a próxima sexta-feira para comunicar as mudanças à Justiça eleitoral. Será quando movimentações como a do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, serão informadas. O ministro se filiou ao PSB, que amarga ao menos 10 perdas. Até agora, não houve nenhum comunicado oficial sobre a possível candidatura de Barbosa, que, após a desistência do apresentador Luciano Huck, é considerado o único outsider com cacife para disputar a presidência da República.

Como o número de deputados que mudou de partido ainda não foi contabilizado no site oficial da Câmara, não é possível afirmar quais partidos ficaram com as maiores bancadas. Trocas levadas à Secretaria-Geral da Casa levam em conta quem está licenciado do mandato, o que não faz diferença para o cálculo do tamanho das legendas. Vale lembrar que também houve mudanças no Senado Federal e entre os parlamentares licenciados que cumprem função de ministros de Estado, por exemplo. Ainda não há, entretanto, detalhes sobre essas movimentações.


Sai lista suja do trabalho

Em cumprimento à determinação da Justiça, o Ministério do Trabalho publicou ontem atualização do cadastro de empregadores flagrados e autuados por submeter trabalhadores a condições análogas às de escravos, a Lista Suja. A atualização traz 34 novos nomes. A União tinha até o dia 27 deste mês para publicar a lista atualizada ou pagaria multa diária de R$ 10 mil. A última atualização tinha sido divulgada em 27 de outubro de 2017. A publicação da Lista Suja é obrigatória e deve incluir todos os nomes de empregadores autuados, sem exceção. São 12 páginas com 165 nomes de empregadores e empresas autuadas. Minas Gerais é o estado que tem mais empregadores listados no mapa, 42 nomes; seguido do Pará, com 20.

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