Politica

Corrida eleitoral tem esquerda dividida e Bolsonaro em situação delicada

Pesquisa Datafolha dá o pontapé inicial para alianças e mostra que, com prisão de Lula, quem ganha mais é Marina Silva. Candidatura de Bolsonaro indica estagnação

Denise Rothenburg
postado em 16/04/2018 11:01
Marina aponta crescimento sem o ex-presidente Lula na corrida
A 174 dias do primeiro turno da eleição presidencial, os partidos de centro e seus pré-candidatos vão esperar mais um pouco antes de unir forças com vistas a ampliar as chances. No campo dos partidos com viés de esquerda, quem está um pouco à frente dos demais se dá ao luxo de dispensar qualquer posto de vice. Marina Silva (Rede), por exemplo, maior beneficiada dos votos de Lula, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem, dispensa o apoio do PT: ;Não temos afinidade programática. Nossa visão de democracia e sobre o papel da Lava-Jato nos separa;, diz o porta-voz nacional da Rede, Pedro Ivo.

Da parte do PT, a candidatura de Lula continua posta, embora tenha reduzido o número de eleitores que confiam na inclusão do ex-presidente no rol de candidatos, segundo a pesquisa. Ciro Gomes, do PDT, também não quer saber da vaga de vice. Logo, as esquerdas vão seguir separadas eleitoralmente. ;Lula é o nosso candidato e esperamos que essa sentença mequetrefe seja modificada ali na frente;, diz o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Nos cenários com Lula, segundo o instituto Datafolha, o petista fica entre 30 e 31%; o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) em segundo, com 15%; e Marina Silva, com 10%. A esperança do PT é transferir esses votos para um nome do partido. Em números, a situação é complicada: sem o ex-presidente entre os indicados, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, por exemplo, registra 2% das intenções de voto, e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner tem 1%.
Ocorre que, hoje, sem o ex-presidente, Marina é quem mais ganha. Sobe para 15% e 16%, dependendo do cenário. Bolsonaro fica com 17%. O terceiro pelotão, com ou sem Lula, segue representado por Joaquim Barbosa (PSB), entre 9% e 10%; Ciro Gomes (PDT), 9%; e Geraldo Alckmin (PSDB), entre 7 e 8%. O tucano, ex-governador de São Paulo, é quem tem o melhor desempenho entre os representantes de partidos de centro.
Os números de Bolsonaro não mudaram de janeiro para cá

Candidatura governista

Apesar de Bolsonaro manter uma boa posição hoje, seus aliados consideram o cenário preocupante. Embora a pesquisa Datafolha evite comparações entre janeiro e abril, dada a diferença de cenário e do número e pré-candidatos, Bolsonaro permanece no patamar da última pesquisa, o que pode indicar uma estagnação. Porém, se Bolsonaro não se moveu, o presidente Michel Temer e os pré-candidatos de centro também não. O problema é maior para quem está no governo. Os resultados jogam por terra as esperanças de Temer em reunir um grupo de partidos em torno do seu governo. O levantamento do Datafolha mostra que 86% dos entrevistados não votariam num candidato indicado pelo presidente.

Temer tenta atrair os partidos de centro para uma candidatura governista, seja ele próprio ou o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mas as legendas resistem. O DEM, por exemplo, vai esperar mais uns dois meses para ver se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, decola ; ele está com 1% ; e nesse embalo arrasta também o PP do senador Ciro Nogueira. O PR aguarda para ver o que vai acontecer com o ex-presidente Lula. O Solidariedade, que estava na pré-campanha de Rodrigo Maia, lança hoje o nome do ex-deputado Aldo Rebelo para ver se consegue ampliar as chances de negociação com os demais. E o PSDB, que tem a melhor performance dos partidos de centro, não vai abrir mão de lançar Alckmin.

A expectativa dos partidos é de que movimentos mais incisivos para alianças só ocorram mesmo em meados de junho, quando o quadro estiver mais claro. Até lá, a política viverá a cada dia a sua aflição. A ordem é acompanhar o que vem do Supremo Tribunal Federal, as investigações em curso, a intervenção do Rio de Janeiro e tentar atrair eleitores. No caso do STF, por exemplo, esta semana, a Corte dirá se aceita ou não a denúncia contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

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