Politica

MTST e Frente Povo Sem Medo deixam triplex que motivou prisão de Lula

O imóvel, que fica no Guarujá, foi ocupado na manhã desta segunda-feira

Letícia Cotta*
postado em 16/04/2018 16:26
Manifestantes na varanda do triplex que levou à condenação de Lula no Guarujá
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da frente Povo Sem Medo que invadiram, nesta segunda-feira (16/4), o triplex no Guarujá (SP) atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiram sair do imóvel depois que policiais deram um prazo para a desocupação. Caso não saíssem do prédio, os manifestantes seriam presos.

O coordenador do MTST e pré-candidato à Presidência pelo PSol, Guilherme Boulos, afirmou, pelas redes sociais, que os policiais abordaram o grupo sem ordem judicial de despejo. "O triplex foi desocupado, mas o recado ficou. É evidente que não tinham ordem: quem pediria a reintegração de posse?", escreveu, sugerindo que, um eventual pedido demonstraria que o imóvel não pertence a Lula.

A ação dos movimentos sociais busca fortalecer o discurso da defesa do ex-presidente, que, durante todo o processo, vem argumentando que o ex-presidente nunca foi dono do imóvel, logo não poderia ter sido condenado por tê-lo recebido como propina.

No entanto, nem o juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo em primeira instância, nem o Tribunal Regional Federal da 4; Região (TRF-4) concordaram com os argumentos e consideraram Lula culpado por aceitar, da OAS, a promessa de posse e reforma do imóvel como pagamento de propina.

Na sentença que condenou o petista, o juiz Sérgio Moro afirmou que o registro da matrícula do imóvel estava formalmente em nome da empresa OAS, mas que os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro estavam configurados por meio de "ocultação e dissimulação". O leilão do imóvel, pivô da condenação de Lula, está marcado para os dias 15 e 22 de maio.

Lula sugeriu a ocupação

A possibilidade de militantes ocuparem o apartamento havia sido citada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discurso após a condenação pelo TRF-4. Em 24 de janeiro, após ter seu recurso negado e sua pena aumentada para 12 anos e um mês, o ex-presidente fez um discurso na Praça da República, no centro de São Paulo, quando classificou a decisão judicial como uma "mentira". "Se eles me condenaram me deem pelo menos o apartamento", disse Lula, na ocasião. "Eu até já pedi para o Guilherme Boulos mandar o pessoal dele ocupar aquele apartamento. Já que é meu, ocupem."

Na manhã desta segunda, Boulos disse: "Se é do Lula, o povo foi convidado e pode ficar lá. Queremos saber quem é que vai pedir reintegração de posse. Se não é do Lula, o Judiciário vai ter que explicar por que prendeu o Lula por conta desse triplex". Faixas penduradas na janela do imóvel pelas pessoas que participaram da ocupação traziam dizerem com o mesmo argumento.
*Estagiária sob supervisão de Humberto Rezende
Com informações da Aência Estado

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