Rosana Hessel
postado em 16/04/2018 19:11
Às vésperas de ser julgado pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) declarou que vai aguardar a decisão "com absoluta serenidade", e refutou as denúncias contra ele, feitas pelos donos da JBS. O conteúdo será analisado nesta terça-feira (17/04) pelos ministros Corte.
"O lamentável de tudo isso é que a ânsia de punir impediu aquilo que é normal e tradicional no sistema jurídico, que é a investigação", afirmou Neves nesta segunda-feira (16/04) em seu gabinete, onde convocou a imprensa para uma entrevista coletiva. "Se tivesse tido um inquérito, muito do que estou dizendo aqui teria sido provado pelas autoridades. Não houve inquérito. Não houve investigação. Pulou-se essa etapa e amanhã chegamos imediatamente na denúncia", emendou.
Na avaliação do senador tucano, as três acusações contra ele são frágeis e, em grande parte, falsas e inverídicas. Aécio alega que as denúncias poderiam ter sido derrubadas se uma investigação fosse conduzida de maneira "clara e objetiva" no caso dos repasses de recursos ao PSDB, que não tiveram contrapartida. "Lamento não ter havido inquérito e informações para desmontar as acusações. Continuarei firme e confiante que vou provar minha absoluta inocência", reforçou.
Para o tucano, existe um "tsunami de versões" em uma velocidade que fica difícil de as pessoas entenderem o que aconteceu. No entanto, ele reconheceu que poderá ser punido mais pelas declarações em uma gravação "infeliz" e porque aceitou um empréstimo de R$ 2 milhões em dinheiro vivo dos executivos da JBS, "em um momento de dificuldade". "Cometi esse erro, mas não cometi qualquer ilegalidade", declarou. "Não são 20 minutos de uma conversa infeliz e da qual me penitencio, com termos inadequados, que vão definir minha história", declarou ele, acrescentando ter 32 anos de mandato, "honrados e exercidos em favor dos mineiros e do Brasil".
"Houvesse inquérito e investigação, essas denúncias desmontariam como um castelo de cartas, porque não se sustentam", completou ele, citando frases de um artigo assinado por ele no jornal Folha de São Paulo desta segunda. "Na gravação de que fui alvo, o delator atesta a origem lícita e particular dos recursos e deixa claro ; também em depoimento; que partiu dele a decisão de que o empréstimo teria que ser feito em espécie, o que não é ilegal, uma vez constatada a licitude dos recursos. Errei em aceitá-lo. Mas não cometi nenhum crime. Não houve nenhum prejuízo aos cofres públicos. Ninguém foi lesado;, escreveu.
O senador ainda informou que, mesmo se o Supremo aceitar a denúncia, ele "ficará resistente até o final para provar a verdade". Sobre a manutenção de sua candidatura ao Senado Federal, afirmou que o partido definirá quando for o período para o registro, ou seja, agosto. Com voz embargada e olheiras profundas, Neves aproveitou a entrevista para alfinetar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tentou o quanto pode evitar a decisão do STF e ser preso após a condenação em segunda instância. "Sou de uma escola em que decisão do Supremo se respeita", destacou.