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Pré-candidato ao Planalto, Alckmin lamenta situação de Azeredo e Aécio

Pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Alckmin diz que lamenta a situação jurídica de Eduardo Azeredo e Aécio Neves

Alessandra Azevedo, Bernardo Bittar
postado em 26/04/2018 06:00

Alckmin entre Anastasia e Perillo no Congresso: ex-governador de São Paulo participou de solenidade em homenagem a Luís Eduardo Magalhães


Ainda sem fôlego na campanha presidencial, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) disse que lamenta a situação jurídica dos correligionários Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas Gerais, e Aécio Neves, senador pelo mesmo estado. Aparentando calma, afirmou ontem que ;a Justiça é para todos;, após a maioria dos integrantes da 5; Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) rejeitar os recursos de Azeredo. Embora também seja investigado, o tucano afirmou que ;decisão judicial, a gente cumpre;.

;Lamento profundamente, são dois quadros importantes do partido. Mas a Justiça é uma só. Justiça se respeita;, ressaltou Alckmin, após reunião com a bancada na Câmara dos Deputados, e logo retomou o viés eleitoral. ;Vamos falar é do futuro, falar de esperança e falar a verdade, sempre a verdade;, declarou. Há duas semanas, aliás, o próprio Alckmin viu a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), encaminhar à Justiça Eleitoral de São Paulo um inquérito instaurado com base na delação da Odebrecht. A investigação que recai sobre o tucano é a suspeita de caixa dois, mas esse movimento fez com que Alckmin se livrasse, por enquanto, da força-tarefa da Lava-Jato.

Mesmo em meio a investigações, o foco é na pré-campanha eleitoral. Sem apoio fechado de caciques tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Alckmin ainda mostra fraqueza na largada da corrida rumo ao Palácio do Planalto. Tem dificuldade até em São Paulo, sua base eleitoral. Ainda assim, especialistas acreditam que o ex-governador é uma das opções mais viáveis para o centro-direita. Pesquisas apontam que ele tem entre 6% e 8% dos votos válidos, número menor que o do ministro aposentado Joaquim Barbosa (PSB), que tem 10% do total e sequer bateu o martelo sobre a candidatura.

Pesquisas

Ontem, em visita a Brasília, Alckmin observou que ;a pesquisa é correta do ponto de vista estatístico;, mas lembrou que a campanha ainda não começou. ;É evidente que vai se alterar, é para isso que existe campanha. Acredito no julgamento popular e não tenho dúvida que vamos crescer. Vamos ter os maiores palanques do Brasil, desde o Sul até o Norte, ou do PSDB ou de aliados. E vamos ter uma boa aliança;, prometeu o ex-governador. Um dos desafios para que ele suba nas pesquisas é garantir apoio dos partidos do centro, como MDB, DEM e PRB, listou o coordenador de análise política da consultoria Prospectiva, Thiago Vidal. ;Não por vinculação eleitoral grande, que eles não têm, mas porque eles têm muito tempo de rádio e televisão;, explicou.

O apoio é, de fato, essencial para que o ex-governador consiga despontar nas pesquisas, mas um bom resultado não depende apenas das alianças. A presença de Barbosa e de Marina Silva (Rede) no páreo, caso se consolide, pode ter efeitos muito negativos para a candidatura do tucano, avalia Vidal. ;Eles tiram votos de Alckmin. Sobretudo em São Paulo, o que explica um pouco por que ele tem tido dificuldades no próprio estado;, pontuou o especialista. Por enquanto, é natural que Alckmin ainda esteja patinando nas pesquisas, mas o quadro pode ficar preocupante quando os candidatos forem definidos, em agosto.

Apesar da aparente fraqueza e do quadro multipartidário com 22 pré-candidatos à Presidência da República, Alckmin acredita que o PSDB ;é um partido forte, com candidato forte; e que ;vai fazer uma boa campanha;. Um dos trunfos do partido é a ;equipe bastante preparada;, nas palavras dele. Entre os nomes do quadro está o coordenador de comunicação da pré-campanha, Luiz Felipe D;Ávila, com quem tem reunião marcada em 9 de maio. Outro encontro está sendo agendado com o ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida, que vai coordenar a área econômica. A ideia, segundo o tucano, é traçar metas para atingir os objetivos, sendo um dos principais deles dobrar a renda dos brasileiros.

Alckmin viajou a Brasília a convite da Presidência da Câmara, onde houve sessão solene em homenagem aos 20 anos da morte de Luís Eduardo Magalhães, com quem ele atuou como deputado federal nos anos 1990. Luís Eduardo era filho de Antônio Carlos Magalhães e morreu após sofrer um infarto aos 43 anos. Ainda em sua memória, um jantar foi oferecido para autoridades na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Pressão no MDB

A candidatura do presidente Michel Temer corre o risco de não emplacar. Resistências internas dentro do próprio MDB sugerem que o partido opte por apostar no fortalecimento da legenda no Congresso e em candidaturas nos governos estaduais, e não na chapa nacional. O temor de correligionários é de que o foco em uma campanha presidencial sem apoio popular reduza recursos para campanhas com maior potencial de sucesso. As opções ficariam com o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, desde de que ele entre com dinheiro próprio. Uma aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin é avaliada com bons olhos por uma ala na legenda, mas, no momento, o governo reluta em cogitar tal possibilidade. (Rodolfo Costa)

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