Politica

PT e CUT transferem para Curitiba a celebração do Dia do Trabalho

Está prevista uma vigília em defesa de Lula e protestos na capital paranaense

Bernardo Bittar
postado em 30/04/2018 06:00
Manifestantes no acampamento Marisa Letícia, onde duas pessoas ficaram feridas na madrugada de sábado após um homem efetuar disparos: relato de ameaças
Apesar do ataque ao acampamento Marisa Letícia, do PT, em Curitiba, a programação da vigília Lula Livre está mantida. A ideia é que amanhã, durante o feriado em homenagem ao trabalhador, os principais nomes do partido façam discursos em prol da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, uma gravação de Lula, de 1986 e nunca divulgada, será distribuída pelo país.
A segurança dos acampamentos no Paraná será reforçada, com câmeras para registrar a movimentação. Ontem, a advogada Márcia Koakoski, 42 anos, uma das feridas no ataque a tiros contra o acampamento pró-Lula, afirmou em um vídeo que ouviu pessoas fazendo ameaças de morte no local, antes dos disparos.

A assessoria de imprensa do PT no Paraná disse que a programação amanhã, Dia do Trabalhador, começa às 7h, com a concentração no terminal Boa Vista, próximo à sede da Polícia Federal. De lá, os manifestantes seguem para o edifício da PF, onde, diariamente, há uma rito conhecido como ;bom dia, Lula; ; quando todos dizem a frase aos gritos. Em carta à senadora Gleisi Hoffmann (PR), o ex-presidente afirmou que consegue ouvir seus apoiadores, e pediu para que eles continuem com a "tradição".

Depois da ;cerimônia;, haverá um ato ecumênico e, em seguida, todos caminharão para o Centro, às 14h, quando haverá ato na Praça Santos Andrade. A expectativa é de que a cúpula do partido fale em favor de Lula. No fim, shows de artistas locais e de grandes nomes nacionais, como Maria Gadu e Beth Carvalho, encerram a programação. A Polícia Militar do Paraná vai reforçar a segurança nos dois acampamentos e na vigília petistas.

Discursos contra a reforma da Previdência e a reforma Trabalhista devem ser o ponto alto do evento, acredita a presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Paraná, Regina Cruz. ;Essas coisas vão atrapalhar a vida da classe trabalhadora do país, que é quem nós representamos. Mas estamos felizes que a mobilização ocorrerá aqui, e não em São Paulo. A escolha do local ocorreu porque o maior líder sindical do Brasil, o presidente Lula, está na nossa cidade.;

O documentarista Celso Maldos liberou um vídeo inédito de Lula discursando em 1; de maio de 1986 para ser transmitido em telões. A escolha se deu por causa do momento político daquela época, pouco depois do fim da ditadura militar (que acabou em 1985). Lula encerra seu discurso dizendo ;Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós;. A ideia do cineasta é fazer um link entre o passado e o presente, dando a entender que, hoje, também vivemos tempos de opressão.

;Quando um curitibano se queixar da nossa presença aqui, precisa se lembrar que foi uma escolha do Brasil. Vamos permanecer;, explicou o ex-deputado federal e presidente do PT de Curitiba, Florisvaldo Fier, conhecido como doutor Rosinha.

Relato

A advogada Márcia Koakoski contou que chegou no acampamento Marisa Letícia dois dias antes do ataque. Em depoimento emocionado, ela disse que ;as pessoas acreditam que quem defende o Lula tem que morrer;. O vídeo, publicado por ela no YouTube, revela que todos estavam dormindo no acampamento ; montado desde 7 de abril a 1km da sede da Polícia Federal, onde o ex-presidente está preso. Mas que, na madrugada de sábado, por volta das 2h, foram ouvidos gritos de pessoas fazendo ameaças e dos próprios seguranças (que são manifestantes que se revezam para vigiar os arredores).

Márcia ouviu os agressores gritando que voltariam para matar todas aquelas pessoas. Também ficou ferido no ataque o segurança voluntário Jeferson Lima de Menezes, que levou um tiro no pescoço. Ele está internado no Hospital do Trabalhador, mas já deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo relato de pessoas que o acompanham no hospital, a vítima está consciente. O estado de saúde é estável. Os médicos afirmaram que Jeferson não deve ficar com sequelas do tiro.

Vaquinha passade R$ 530 mil
Em vídeo transmitido na página oficial do PT, militantes de Curitiba afirmam que a vaquinha virtual para financiar os acampamentos pró-Lula arrecadaram R$ 530 mil. Petistas querem agora aumentar a meta para R$ 1 milhão. ;Todos os recursos serão usados para financiar a vida dos lutadores e lutadores que estão aqui em busca de liberdade para o presidente Lula e para a sociedade;, bradou o ex-deputado federal e presidente do PT no Paraná, Florisvaldo Fier, o doutor Rosinha. A maioria desse dinheiro é destinada à alimentação e segurança das pessoas que, desde 7 de abril, ocupam as ruas da capital paranaense.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação