Agência Estado
postado em 08/05/2018 07:49
O pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, voltou a renegar uma eventual aliança com o partido do presidente Michel Temer, caso eleito. "Com a quadrilha do PMDB eu não quero negócio", defendeu, durante entrevista ao programa Band Eleições, da Band, transmitido na madrugada desta terça-feira (8/5). De acordo com o pedetista, governar com o apoio do MDB é o "caminho do fracasso sem falta".
[SAIBAMAIS]"O Fernando Henrique Cardoso se desmoralizou (com a aliança com o MDB), e nunca mais o PSDB ganhou uma eleição nacional", afirmou, de forma enfática. Ciro, entretanto, reconheceu as dificuldades de montar uma coalizão e disse que não vai governar com "a inocência de um convento". "Mas se você anunciar as propostas antes, se negociar no atacado, negociar o pacto federativo, para trazer uma eficiência instantânea que imediatamente mexe com o povo, o impasse pode se resolver por meio de plebiscitos e referendos", defendeu.
Ainda sobre alianças, o pedetista voltou a lamentar a fala da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que afirmou que a indicação de um vice petista na chapa de Ciro não vai acontecer nem "com reza brava". Segundo Gomes, é uma "pena" que Gleisi pense assim mesmo diante das dificuldades que o País enfrenta.
Ciro voltou a afirmar que vai revogar as mudanças nas leis trabalhistas implementadas por Temer, que descreveu como uma "aberração". Além disso, novamente se posicionou contra a privatização de estatais importantes para o País, com destaque para a Eletrobras. "Estou tentando avisar o investidor estrangeiro que um dos candidatos pensa assim, para que amanhã ele não diga que foi enganado." Segundo o pedetista, ele vai revogar uma possível venda da estatal se chegar ao Planalto.
Ciro nega ter fechado questão sobre aumento de impostos
Ciro Gomes negou que já tenho definido, caso eleito, recriar o imposto sobre o cheque (CPMF), aumentar a alíquota de tributos e taxar lucros e dividendos.
Na semana passada, o responsável pelo programa econômico de Ciro, o economista Mauro Benevides Filho, defendeu o aumento de tributos, a taxação de lucros e dividendos e o retorno da CPMF. "Ainda não (decidimos sobre impostos), mas estamos recebendo ideias. E é isso que ele (Benevides Filho) anuncia. Nossa campanha vai ser feita com absoluta transparência", disse Ciro. Na pesquisa de intenção de voto do Datafolha de abril, Ciro tem entre 5% e 9%, dependendo do cenário.
Apesar de dizer que ainda não fechou questão sobre criar ou recriar impostos, Ciro colocou alguns "pingos nos is" sobre seu ponto de vista sobre o tema. "Precisamos aumentar impostos sobre os ricos e diminuir imposto sobre a classe média." O pedetista afirmou que taxar lucros e dividendos é algo que "o mundo inteiro faz, menos o Brasil e a Estônia", e defendeu a taxação maior sobre heranças. "Mas as grandes (heranças), a classe média não tem de fazer isso porque ela já paga na fonte, mas o rico paga no máximo 8%." Sobre a volta da CPMF, Ciro afirmou que a incidência do imposto seria exclusiva para grandes transações. "Quem gasta até R$ 2 mil, não faz sentido cobrar", disse.
Questionado sobre a reforma da Previdência e a resistência de partidos em debatê-la, o pedetista afirmou que "a esquerda está completamente enganada" em renegar tal discussão. "A esquerda moderna sabe que o Estado só vai ter capacidade de mudar a vida das pessoas, proteger a família brasileira dos altos índices de criminalidade, se o Estado tiver dinheiro. Caso contrário, é falta de experiência ou má fé."
O pré-candidato foi confrontado com o fato de defender uma política mais limpa, mas em 2002 ter formado uma chapa presidencial com Paulinho da Força (hoje no Solidariedade) para concorrer ao Planalto. Segundo o pedetista, Paulinho não era alvo de denúncias à época. Ciro também disse não achar o fato de ser ficha limpa uma vantagem competitiva em relação aos outros candidatos. "Sou ficha limpa, nada mais isso do que minha obrigação."