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Operador emedebista confessa crime e entrega US$ 7,5 milhões

Preso na 51.ª fase da Lava Jato manteria o dinheiro em contas na Suíça; advogado diz que Miranda quer colaborar

Agência Estado
postado em 21/05/2018 08:49
Miranda foi preso preventivamente na Operação Dejà Vu, 51.ª etapa da Lava-Jato
O operador do MDB Mário Miranda confessou crimes e deixou à disposição da Justiça US$ 7,2 milhões em valores repatriados - montante oriundo, segundo ele próprio, de práticas ilícitas em contratos da Petrobrás. Sob sigilo, as declarações de Miranda foram registradas pela força-tarefa da Lava-Jato no dia 16.

O depoimento envolve contrato que, segundo a Odebrecht e os investigadores, beneficiou o MDB em 2010, em suposto acerto com políticos do partido, no escritório de Michel Temer em São Paulo O termo foi assinado após a prisão de Miranda no dia 8, na 51.; fase da Lava-Jato, que apura suspeita de propinas em benefício do partido.

A defesa de Miranda é constituída pelo advogado Antonio Figueiredo Basto, especialista em delação premiada. Pioneiro e responsável por acordos do doleiro Alberto Youssef, do corretor Lúcio Funaro e do dono da UTC, Ricardo Pessoa, Basto foi citado em delações. O jornal O Estado de S. Paulo revelou no sábado, 19, que os doleiros Vinícius Claret e Cláudio de Souza relataram pedido do advogado por uma "taxa" mensal de US$ 50 mil em troca de "proteção" em investigações. Basto nega e afirma que nunca teve contato com Claret e Souza.

Basto afirmou ao juiz Sérgio Moro que Miranda, "em longo depoimento gravado, reiterou seu firme propósito de colaborar com as investigações, de comparecer a todos os atos processuais e repatriar os valores ilícitos recebidos". "O requerente procurou a Polícia Federal e Ministério Público Federal ainda em 2016 e antes da colaboração da Odebrecht com a finalidade de iniciar uma colaboração."

Em janeiro, Miranda voltou a encaminhar, por meio de sua defesa, ofício à força-tarefa no qual diz estar à disposição para colaborar e devolver valores decorrentes de crimes. No entanto, ele acabou preso. Para os procuradores, há "contas secretas ainda mantidas no exterior e que não tiveram saldos sequestrados", como a offshore Fairfamily Foundation, mantida pelo operador nas Bahamas.

De acordo com o advogado, no depoimento do dia 16 Miranda "respondeu a todas as perguntas e enfrentou as apontadas omissões que, segundo o MPF, justificaram a prisão preventiva". Ele disse que o operador "manifestou que abre mão de eventuais valores depositados no exterior e concorda com a repatriação, comprometendo-se a apresentar "documentos da conta da fundação no Banco Heritage que deram origem à movimentação para a instituição nas Bahamas".

Entre as contas de valores ilícitos repatriados e já postos à disposição das autoridades estão uma mantida no banco suíço Julius Bar, com saldo atualizado em 2 de abril de 2017 no valor de US$ 1.834.682, e outra no Credit Suisse, com saldo atualizado em 17 de março de 2017 no valor de US$ 5.449.540. Ainda restaria conferir "o saldo na conta mantida nas Bahamas cujos demais dados desconhece".

Miranda foi preso preventivamente na Operação Dejà Vu, 51.; etapa da Lava-Jato. Essa investigação mira contrato da área Internacional da Petrobrás no valor de US$ 825 milhões que teria rendido propinas de US$ 40 milhões ao MDB, em suposto encontro entre delatores da Odebrecht, os ex-presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha e Temer, então candidato a vice-presidente, em 2010.

Defesas

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Palácio do Planalto, mas não obteve resposta. Também procurou a defesa de Eduardo Cunha e Henrique Alves, mas elas não se manifestaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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