Politica

Opinião: fustigado com a greve, Temer tenta respiro

Leonardo Cavalcanti
postado em 30/05/2018 07:42

Nas cordas e com manifestações batendo na porta do Planalto, o presidente Michel Temer tenta evitar a todo custo que os efeitos mais diretos da greve dos caminhoneiros, como o desabastecimento de alimentos, ultrapassem o fim de semana. A crise para o governo chegou ao mais alto grau, com os políticos mais ligados ao emedebista perdidos com os poucos efeitos dos acordos até aqui. A última saída encontrada por Temer foi manter linha direta com o governador de São Paulo, Márcio França, que estabeleceu uma frente de negociação com os grevistas. França ligou para outros governadores pedindo engajamento para desbloquear rotas de abastecimento.

Com o presidente do Senado, Eunício Oliveira, Temer negociou a aprovação de uma medida provisória, a do frete mínimo. Sem certezas sobre a continuidade da greve, políticos governistas não conseguem entender a razão do apoio da população aos caminhoneiros. O Planalto, entretanto, trabalha com o arrefecimento da aprovação à paralisação, a partir de dados de pesquisa nas redes sociais. Na vida real, a pressão permanece, à espera do próximo dia.

Multidão
No auge das negociações, Michel Temer chegou a ter 11 ministros dentro do gabinete presidencial no último domingo. A culpa pelas consequências das conversações poderia assim ser distribuída por muitas cabeças, que, até onde se percebe, podem não pensar melhor do que uma.

Cheiro de 1964?
Observadores internacionais com conhecimento e experiência na política interna brasileira dizem sentir cheiro de 1964, o ano da instauração da ditadura militar no Brasil. Ao serem questionados sobre o exagero da declaração, dizem que, no mínimo, o debate sobre a explosão da violência dos anos de chumbo deve voltar à luz, para que nunca mais tenhamos tal regime no país.

"Qual é o combustível da crise? o preço da gasolina e do diesel? Não. Está no tamanho dos gastos, nos impostos injustos, na burocracia sufocante, na falta de representatividade e credibilidade dos governos;

Guilherme Afif,
pré-candidato à Presidência da República

Assinaturas
O movimento Câmara Mais Barata faz evento hoje para comemorar as 10 mil assinaturas de projeto de lei de iniciativa popular para transparência, economia e eficiência do Legislativo local. O ato vai homenagear os voluntários pela coleta de assinaturas.

Insulina // O embaixador do Brasil na Ucrânia, Oswaldo Biato Jr., participou ontem de entrevista coletiva dos diretores da Indar, empresa sediada em Kiev, responsável pela insulina importada pela Bahiafarma, do governo baiano. O mercado do medicamento é avaliado em R$ 1 bilhão anuais e influenciado pelo lobby de laboratórios internacionais. ;A Ucrânia tem a oferecer ao Brasil desenvolvimento tecnológico;, disse Biato Jr. A Indar e a Bahiafarma têm parceria para implantação de fábrica de insulina em Dias D;Ávila, região metropolitana de Salvador.

Habeas corpus I // O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu um pedido de habeas corpus, com solicitação de liminar, em favor do empresário Arthur Mário Pinheiro Machado, acusado de participação em suposto esquema que causou prejuízos nas contas do fundo Postalis, o instituto de seguridade social dos Correios e Telégrafos. Ele cumpre prisão preventiva desde abril deste ano, decretada após denúncia do MP que lhe imputa os crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e tráfico de influência, praticados entre 2011 e 2017.

Habeas corpus II // A defesa de Pinheiro Machado alega ilegalidade e desnecessidade da prisão preventiva, sustentando que o oferecimento de denúncia não é requisito elencado no Código de Processo Penal para a decretação de prisão preventiva. Além disso, os advogados do empresário afirmam que a medida o priva da convivência com a família. O relator do caso é o ministro do STJ Rogério Schietti.

Crise inovadora // O cientista social francês Gilles Lipovetsky (foto) vem ao Brasil para abrir o Fórum de Gestão Pública do CFA, em Brasília, de 6 a 8 de junho, com a palestra Novos papéis nas relações da sociedade com o Estado. Para o especialista, a crise não é exclusividade do país, mas a desconfiança dos cidadãos é nítida e já reclama por mudanças. ;O Brasil vai gerar uma nova relação com a política.;

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