Politica

Geraldo Alckmin promete implementar medidas impopulares se eleito

O ex-governador de São Paulo afirmou que vai implementar mudanças no sistema previdenciário do país, igualando o teto da iniciativa privada ao do setor público

Ingrid Soares, Bernardo Bittar
postado em 06/06/2018 21:38

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Pressionado pelo PSDB, o discurso ameno de Geraldo Alckmin ganhou fôlego. Em busca de votos e de fortalecimento perante o partido, prometeu implementar medidas impopulares durante um eventual governo tucano. O ex-governador de São Paulo afirmou que vai implementar mudanças no sistema previdenciário do país, igualando o teto da iniciativa privada ao do setor público. Nesta quarta-feira (6/6), durante debate promovido pelo Correio Braziliense, Alckmin disse, ainda, que pretende encontrar uma forma de fazer com que a saúde pública, elogiada por ele, se torne algo rentável para os cofres públicos. Sobre a possível inviabilidade da campanha e a falta de decisões a quatro meses das eleições, disse que a campanha está muito curta.


"Temos todas as condições de fazer uma grande campanha, diferentemente das eleições anteriores em que as convenções começavam no dia primeiro de junho. Se assim fosse, já teríamos feito convenção no último fim de semana e já saberíamos quem seria candidato a presidente dos partidos, com quem eles teriam feito alianças... Mas isso mudou. Temos cinco partidos certos e outros tantos ainda em negociação. Será uma eleição muito fragmentada", disse o candidato.

Geraldo Alckmin garantiu que não há estresse no PSDB ao ser questionado sobre sua reação desproporcional durante um jantar com aliados na última segunda-feira (4/6). O candidato irritou-se após suposta pressão do partido e teria dito que os tucanos podem escolher outro candidato se não quiserem que ele encabece a chapa ao Planalto. A situação fez com que o ex-governador deixasse o estilo conciliador de lado e atacasse o deputado Jair Bolsonaro (PSL), candidato com maior número de votos nas últimas pesquisas. Alckmin fez publicações nas redes sociais sobre as quais trata da suposta evolução patrimonial acelerada de Bolsonaro.

Sobre a reforma da Previdência, assunto dado como encerrado no governo de Michel Temer, disse que é favorável à mudança. "Não podemos fazer essa coisa de Robin Hood ao contrário, tirando o dinheiro de um cofre pequeno para colocar em um cofre grande. É justo que o trabalhador comum se aposente ganhando um máximo de R$ 5 mil enquanto o servidor público recebe R$ 40 mil, R$ 50 mil?". A solução dada pelo candidato é a implementação de regimes iguais em todos os setores baseada em uma previdência privada na qual os beneficiários tenham que pagar por ela. "Quem quiser se aposentar com R$ 30 mil terá que pagar por isso".

A questão da saúde será tratada como prioridade, prometeu, justificando as medidas sob argumento de que o país envelheceu. "Somos um país maduro e estamos caminhando para o envelhecimento. A saúde pública no país é a melhor do mundo. É aquela que o cidadão consegue ir para um hospital público, fazer seus tratamentos e não pagar um real por isso", detalhou. Ainda assim, demonstrou preocupação com as finanças que arcam com os custos desse benefício. "Temos que encontrar uma maneira de fazer com que o estado possa cobrar das seguradoras o curto dos tratamentos".

Integrante do mesmo partido que o senador Aécio Neves (MG), esquivou-se ao ser perguntado se defendeu o aliado. "Ele já saiu, já renovamos toda a nossa direção partidária. O senador vai prestar contas. Não foi julgado ainda, mas será, como todo cidadão". Sobre a possível delação de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que pode respingar em sua candidatura, afirmou que "não haverá impacto", lembrando que, em entrevistas, Preto disse que sequer o havia cumprimentado. O provável delator foi diretor de uma empresa estatal, a Dersa, onde há diversos casos de corrupção. Paulo Preto ocupou a chefia da Dersa durante o governo Alckmin em São Paulo.

Após a sabatina, já do lado de fora do auditório do Correio Braziliense, Alckmin se pôs a favor da reforma tributária como forma de crescimento do país. ;A reforma tributária é o que todo mundo quer. Ninguém está contente com modelo que afasta investimento, que leva o país a recessão, que estimula a sonegação. O objetivo é o país crescer, ter emprego e ter renda. Vamos dobrar a renda do brasileiro, estamos definindo com os melhores economistas o tempo necessário para isso. Para o Brasil crescer não será com voluntarismo;, observou.

Sobre uma possível união dos candidatos de centro, ele comentou que os extremos de esquerda ou de direita não são um caminho, mas um ;descaminho;. ;O Brasil tem um quadro pluri multi partidário, fruto de não termos ainda a proibição de coligação proporcional nessa eleição, não ter cláusula de desempenho mais forte. É uma jabuticaba brasileira a quantidade de partidos. Mas acho que vai diminuir", relatou.

Ele também elogiou Rodrigo Maia como sendo um dos melhores quadros da nova geração.

Sobre planos para a segurança pública, ele afirmou ainda que lançou hoje (06) no Rio as diretrizes da política nacional de segurança. "Primeiro temos que ver a fronteira. Temos problema com tráfico de armas, drogas, contrabando. É preciso ter como prioridade a questão do enfrentamento do tráfico. Precisamos de gente, gestão e tecnologia. Vou criar a guarda nacional como estrutura permanente. Tecnologia das forças armadas, o exército tem o Sisfron tem que ser rapidamente ampliado. Uma agência nacional de inteligência para ter a integração das inteligências dos estados. Precisamos de diplomacia e conversar com países vizinhos. Tem que ter rastreamento das drogas e das armas e boa formação policial. Vamos ter também uma academia nacional de polícia para ajudar na formação", finalizou.

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