Após o ex-ministro Joaquim Barbosa ter desistido, em maio, de concorrer à Presidência da República pelo PSB, o apoio do partido passou ser disputado pelo PT, por Marina Silva (Rede) e por Ciro Gomes (PDT). Na entrevista, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que não vê "clima favorável" no PSB para apoiar Marina e que Fernando Haddad (PT) deve ser o candidato petista.
O PSB negocia com o PT um possível apoio ao candidato presidencial petista, que, por ora, é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso. Essa situação não é desconfortável?
O PT disse que vai levar até agosto ou setembro a candidatura dele, mas eu, pessoalmente, estou convencido de que Lula não poderá ser candidato. Até gostaria que fosse, porque encerraria esse assunto de uma maneira melhor. Mas isso não será possível, e o PT certamente indicará um novo nome para substituí-lo quando chegar no limite do ponto de vista jurídico. Essa interrogação é problemática para a eleição.
Então o PSB está conversando com o PT já tendo em vista que o candidato será outro?
No momento em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adotar sua posição definitiva, Lula terá de ser substituído. O candidato apoiado por ele não será desprezível. Há um peso.
Acredita que o ex-prefeito Fernando Haddad será o substituto?
Acredito que sim.
É um bom nome?
Tem experiência. Já foi ministro e prefeito de uma grande cidade No âmbito do PT, não tem ninguém melhor do que ele. O fato de ser de São Paulo tem o seu peso, já que o eleitorado nordestino, que é grande, o PT já detém.
Como está a conversa com os interlocutores do PT?
Tem acontecido. Temos o interesse do apoio deles em alguns Estados e, em outros, podemos apoiá-los. Há conversas também com o PDT. O Podemos nos procurou, e o (ex-governador de São Paulo e candidato à Presidência pelo PSDB) Geraldo Alckmin esteve comigo em Brasília na sede do partido. Há vários interessados no nosso apoio.
O que achou dos números da última pesquisa Datafolha? Acredita que Jair Bolsonaro vai para o segundo turno?
Espero que não, mas ninguém tem certeza disso. A pesquisa mostrou um certo grau de indefinição, mas, ao mesmo tempo, indicou a possibilidade de afunilamento (das candidaturas). A centro-direita não vai sair pulverizada como se encontra nesse momento.
O PSB já não cogita mais apoiar o Alckmin. Como fica a situação do governador Márcio França em São Paulo se o partido apoiar um nome da esquerda?
O Márcio tem uma longa trajetória de parceria com Alckmin e o PSDB de São Paulo. Ele tem dito que o apoiará e nós respeitaremos.
O PSB está sendo assediado pelo PT, Ciro Gomes e Marina Silva Como está o debate interno?
O congresso nacional do PSB colocou três hipóteses para a executiva: a primeira, que era ter candidatura própria, se esvaiu com a desistência de Joaquim Barbosa; a segunda é fazer aliança com os partidos que estão mais próximos do ponto de vista programático; e a terceira, não fazer coligação formal com nenhum candidato. Essas duas últimas hipóteses estão em debate. Temos dez (pré-)candidatos a governador, por isso, temos muito cuidado para não prejudicá-los. Levaremos pelo menos até o fim do mês para tomar uma decisão concreta sobre o caminho que iremos adotar. A prioridade do partido é ampliar suas bancadas na Câmara e no Senado e eleger o maior número de governadores possível.