Politica

Marun defende investigações sobre Janot após MPF denunciar Joesley

Como deputado, Marun foi relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o caso no ano passado

Rodolfo Costa
postado em 25/06/2018 20:58
O ministro-chefe de Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse esperar que as investigações do Ministério Público Federal (MPF) avancem sobre o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot
O governo federal avalia como ;óbvia; a decisão do Ministério Público Federal (MPF) em denunciar o ex-procurador da República Marcelo Miller, a advogada Esther Flesch, o empresário Joesley Batista, sócio da J, e o ex-diretor jurídico da JBS, Francisco de Assis Silva. O ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, defende que as investigações prossigam, inclusive sobre o ex-procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

A denúncia do MPF se baseia na certeza de que Miller recebeu vantagem indevida de R$ 700 mil para ajudar a J a ter acesso a informações para selar um acordo de delação premiada a Joesley. Para Marun, não há dúvidas de que Janot tinha consciência das tratativas. ;Dá para se acreditar que uma delação tão importante como essa estaria acontecendo dentro da Procuradoria-Geral da República (PGR) sem que o procurador Janot soubesse? Eu tenho dificuldade para acreditar;, criticou.

O interlocutor político do governo frisou que, quando foi relator da CPI da JBS no Congresso Nacional, ele convidou Janot para se manifestar, mas ele não compareceu. ;Eu sou do tempo de que quem cala consente. Falo com a mais absoluta convicção de que ele já sabia e tenho dúvidas dos motivos que fizeram com que ele, neste caso específico, clara e comprovadamente, faltasse com a verdade;, disse.

Não sobraram críticas nem para o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Marun avalia que o ministro fez ;questão; de ser o relator da delação da JBS na Suprema Corte, insinuando que essa é uma situação que deveria ser apurada. O articulador político ainda insinuou que o ministro está protegido pelo ;maior foro privilegiado;. ;Ninguém tem foro maior do que esse, que só pode ser investigado por colegas. É a PGR quem tem que aprofundar essas investigações. Isso é uma situação que vejo como juridicamente indevida e que, portanto, deve ser investigada. Mas não tenho elementos para fazer qualquer tipo de afirmação, como faço em relação ao procurador Janot;, declarou.

Vingança

A denúncia feita pelo MPF é a vingança pela qual o governo federal esperava. Por mais que Marun e qualquer outro membro do governo negue uma satisfação com a decisão, o sentimento é de que as instituições começam a mirar outros envolvidos no escândalo provocado pelo vazamento dos áudios da conversa entre Batista e o presidente Michel Temer. Os impactos consecutivos àquela crise levaram o governo a perder força política no Congresso. A consequência imediata disso foi a perda da base, o que dificultou a capacidade do Palácio do Planalto em aprovar a reforma da Previdência.

O ministro de Temer não nega, no entanto, um desconforto quanto ao encaminhamento de decisões das instituições, como a investigação contra Janot. Para ele, se fossem investigações contra Temer, a suspeita ;estaria andando até com mais dureza;. ;Pois, afinal, se pede com tanta facilidade o rompimento de sigilo bancário, rompimento disso e daquilo. E, neste caso, isso não chegou a acontecer;, criticou.

Para ele, há razões que o levam a crer que estão sendo cometidos ;equívocos sérios;. ;E equívocos que têm atrapalhado o Brasil. Especialmente essa questão da investigação dos decretos dos portos;, reclamou. Marun é um defensor de que Temer não poderia sequer ser investigado por atos suspeitos de terem sido cometidos antes de ele ser presidente da República.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação