Rodolfo Costa
postado em 03/07/2018 06:00
A saga por um vice-presidenciável continua a todo vapor. Mas as indecisões decorrem da mesma dificuldade que os partidos enfrentam para montar as primeiras coligações. Conversam entre si na tentativa de afunilar o número de campanhas, porém, sem avanços. É o exemplo da Rede, de Marina Silva, do PSL, de Jair Bolsonaro, do PDT, de Ciro Gomes, do PSDB, de Geraldo Alckmin, e do PT, de Lula, os mais cotados segundo as pesquisas de intenção de votos. As legendas até tentam correr contra o tempo e deixar encaminhada a escolha dos respectivos vices antes das convenções partidárias, entre 20 de julho e 5 de agosto, mas tudo indica que não haverá decisão antes desse período.
Na disputa pelo poder, todos querem vender caro o capital político para aceitar uma coligação. Nas conversas em torno das coligações, são discutidos cargos e espaço em um possível governo vencedor. Os diálogos acabam envolvendo a escolha de um vice, mas esbarram na própria indefinição das coalizões.
A escolha do vice de Bolsonaro é um dos maiores exemplos das indecisões. O senador Magno Malta (PR-ES), vice-líder do partido no Senado e um dos caciques da legenda, é um dos mais cotados a formar a chapa com o presidenciável. Mas esbarra nas próprias incertezas do partido, que conversa com PT, PDT e PSDB, entre outros.
[SAIBAMAIS]O líder do PR na Câmara dos Deputados, José Rocha (PR-BA), admite que há um desejo grande de Bolsonaro em se coligar com o partido, mas nega alguma definição. ;Há uma possibilidade de se discutir isso antes da convenção, mas as conversas com o PSL e outros partidos continuam abertas. Há um interesse dos próprios estados em tentar definir suas próprias coligações;, alertou.
A legenda também mantém conversas com o PT. O empresário Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José Alencar, é filiado ao PR e era cotado para ser vice na campanha de Lula. Como o ex-presidente se encontra preso em Curitiba, caciques do partido vetam a alternativa. ;Como não existe mais essa opção, não há interesse dele em ser vice em outra chapa;, disse Rocha.
Enquanto Bolsonaro está em busca de coalizão para elevar os minutos de televisão no horário eleitoral gratuito, Alckmin está atrás de um vice para consolidar a campanha ainda travada, pondera o analista político Murilo Aragão, sócio da Arko Advice. ;Essas incertezas para selar uma aliança acabam atrasando a escolha do vice e isso embola o ;meio-campo;;, avaliou.
Movimentação
Na definição de vice, quem promete ser um fiel da balança é o DEM e o PP. Ambos os partidos querem embarcar em uma candidatura viável e se postulam como algumas das legendas que mais cresceram no país. PSDB e PDT são alguns dos partidos que namoram as siglas do centro. Nas conversas com os pedetistas, os pepistas tentam emplacar o empresário Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), como vice de Ciro.
O PDT, no entanto, ainda tenta atrair o PSB, e estaria disposto a oferecer o cargo de vice para a legenda. Interlocutores pedetistas até bancam que uma reunião com o presidente peessebista está agendada para esta semana, na tentativa de chegar a um consenso. De olho na movimentação pedetista, os tucanos não querem ficar para trás, e tentam atrair o MDB, de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, para a chapa de Alckmin.
O coordenador da campanha de Alckmin, Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, defendeu ontem a união. ;O momento agora é de um líder democrático como Alckmin e seu partido, PSDB, mais as lideranças políticas e um expressivo representante de mercado com vivência e experiência política como Meirelles;, disse. Um interlocutor do emedebista, no entanto, refuta a ideia. ;Toda hora querem criar fato em cima da candidatura do Meirelles. A campanha dele está começando a acontecer e querem criar confusão para ver se atrapalha;, disse.
Nem todos estão na dependência de formar uma coalizão para definir o vice. A candidatura de Marina, por exemplo, deve se consolidar como uma chapa pura, declarou o deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ). A legenda manteve conversas com o PPS, do ex-ministro da Cultura Roberto Freire, que ainda não se concretizaram em uma coalizão.