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Brasil terá base nacional de boletins de ocorrência, diz Jungmann

Anúncio foi feito durante balanço de quatro meses de atividades do Ministério da Segurança Pública

Otávio Augusto
postado em 03/07/2018 16:12
O chefe da pasta, Raul Jungmann, convocou os gestores do órgão e fez um balanço das atividades do ministério. Ele avaliou como
Após completar quatro meses, as atividades do Ministério da Segurança Pública, criado pelo presidente Michel Temer em 26 de fevereiro, ainda é alvo de críticas. Pensado para coordenar ações de segurança, como a intervenção federal no Rio de Janeiro, a pasta assumiu papel antes exercido pelo Ministério da Justiça. Nesta terça-feira (3/7), o chefe da pasta, Raul Jungmann, convocou os gestores do órgão e fez um balanço das atividades do ministério. Ele avaliou como ;positivo; os resultados obtidos até agora.

[SAIBAMAIS]Neste período, 13,2 mil pessoas foram presas em flagrante; foram apreendidos 54,4 mil projéteis apreendidos; R$ 12,3 bilhões oriundos do crime; 264 toneladas de maconha; e 896 quilos de explosivos, entre outros números, informou o ministro.

;O Brasil nunca teve um sistema nacional de segurança pública. Sem isso, nunca dispôs de uma política de segurança pública. Nunca tivemos a União, o governo central, dando um rumo e estabelecendo diretrizes para a área;, destacou Jungmann. Ele emenda. ;Tivemos planos, mas isso não significa ter política pública. Agora estamos preparando o Susp (Sistema Único de Segurança Pública);, conclui Jungmann.

Ele fez críticas à resistência dos estados de federalizar sistemas e estatísticas. Na próxima semana, o ministro pretende lançar uma plataforma nacional de boletins de ocorrência. ;Temos que ter um sistema de registro comum a todos e que ninguém se furtar a disponibilizar os dados. Tem lugares que a metodologia é uma, em outro, é radicalmente diferente. Como formular política pública de segurança pública dessa forma? Isso só beneficia a criminalidade;, defende.

O diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, destacou que a principal atividade da corporação neste quadrimestre foi o combate à corrupção e à facções criminosas. ;Houve um reforço da Operação Lava Jato, tanto com recursos e pessoas em Brasília e no Paraná. Houve ainda desdobramentos em outros nove estados;, resumiu.

A Força Nacional está atuando em 10 unidades da Federação. Ao todo são 23 operações. Mais de dois mil homens fazem o trabalho. ;A Força Nacional é uma forma de integração, atuando com as polícias militar e civis dos estados;, ressaltou o almirante Alexandre Mota, secretário-adjunto de Segurança Pública.

A estimativa do ministério é que até 2022 os valores arrecadados com as loterias repassados à segurança pública pode chegar a R$ 4,3 bilhões. ;É importante para a área ter recursos próprios e previsíveis. Ao menos 50% desse valor será repassado aos estados para compra de equipamentos e investimentos. O mecanismo de rateio ainda está sendo construído, mas é importante que os estados colaborem com dados para participarem da divisão;, explica Flávio Basílio, secretário nacional de Segurança Pública.

A criação do ministério


O objetivo do ministério era possibilitar uma maior integração entre as forças de segurança pública federais e estaduais, numa espécie de coordenação mútua. Também estava previsto o reforço na fiscalização nas rodovias e nas fronteiras; policiamento nas ruas, combate à corrupção, além da criação e concessão de presídios em parceria com o setor privado. A pasta tem orçamento de R$ 2,7 bilhões, aproximadamente 75% do orçamento que seria destinado à Justiça.

As polícias Federal e Rodoviária Federal, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e a Secretaria Nacional de Segurança ; responsável pela Força Nacional ; são órgãos subordinados ao Ministério Extraordinário da Segurança Pública. Para a pasta sair do papel, o governo criou os cargos de ministro, secretário e nove vagas de assessoria.

Temer chegou a planejar a retomada da Guarda Nacional. Durante a criação, uma das principais críticas dos opositores era que a pasta provocaria uma descontinuidade no combate à corrupção, à medida em que a Polícia Federal seja abrangida pela pasta, e não mais pelo ministério da Justiça.

Uma das primeiras medidas de Jungmann ao deixar o Ministério da Defesa e assumir a Segurança Púbçica foi demitir o diretor-geral da Polícia Federal. Fernando Segóvia, que havia sido nomeado por Temer para o cargo em novembro de 2017, acabou demitido após se envolver em polêmicas ao minimizar suspeitas de corrupção relacionadas a Temer. Na troca, Rogério Galloro foi colocado como diretor-geral da corporação.

O presidente criou o ministério por medida provisória (MP), que depois foi transformada, em 19 de junho, em projeto de lei pelo Congresso Nacional. O texto foi apresentado pelo senador Dário Berger (MDB-SC) à MP. No Congresso, o texto recebeu 138 emendas parlamentares.

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