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Em sabatina na CNI, Ciro diz que a reforma trabalhista é 'uma selvageria'

Ciro Gomes (PDT) está em terceiro lugar nas pesquisas de intenções de voto



O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), fez um acalorado pronunciamento em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira (4/7), em Brasília. Além de criticar os concorrentes, especialmente Jair Bolsonaro (PSL), o pré-candidato pedetista apresentou propostas duras para um eventual governo. Ciro foi vaiado ao responder sobre um tema controverso, a reforma trabalhista, que qualificou como "uma selvageria".

"Nosso país extrapolou o limite do razoável. Passamos do limite, com a semente do militarismo e da resposta tosca presentes em uma conta de 62% dos jovens que têm como sonho ir embora do Brasil" afirmou, fazendo referência a Bolsonaro. O deputado está tecnicamente empatado com Marina Silva (Rede) na liderança de intenções de voto em pesquisas divulgadas semana passada. Ciro vem na sequência.

Questionado sobre possíveis alianças, o candidato desconversou. Disse que o responsável pelas respostas é o presidente do partido, Carlos Lupi. "Mas acho que precisa ser algo de centro-esquerda. Um ponto de vista programático é um grande desafio. Há uma cobiça fraterna pelo PSB, primeiro turno não deve dar, mas o PCdoB depois, o centrão temos conversas para discutir alguns modelos e tirar o país do desequilíbrio".

Vaiado por ter criticado a reforma trabalhista, Ciro afirmou em entrevista coletiva que "está do lado do trabalhador". "Não me envergonho disso, acho complicado a reação. (A reforma) é uma selvageria", explicou. Como resposta, pediu para "elite de indústria" colocar mão na consciência ao ser vaiado por se apresentar ao lado da classe trabalhadora. Minutos depois, mudou o tom e arrancou aplausos e risadas do público.

Sobre o aumento do mercado de trabalho, uma das bandeiras do PDT, o pré-candidato disse que milhares de pessoas na informalidade. "Nunca vi uma crise tão complexa e multifacetada em 38 anos de política. Falamos de economia, política, sociedade;Brasília parece ter virado uma verdadeira Babel, uns invadem o espaço dos outros, não há razoabilidade"; disse, fazendo alusão aos Três Poderes.

Ciro também apresentou Mauro Benevides Filho, que vai cuidar de parte econômica do plano de governo pedetista. "É esse cara que vai cuidar da Economia brasileira". Sobre combate à violência, o ex-governador disse que apenas 8 de cada 100 homicídios são investigados no país. "Isso mostra o colapso do Estado".

Durante entrevista coletiva logo após a apresentação para os representantes da CNI, Ciro Gomes voltou a demonstrar falta de paciência ao responder alguns questionamentos, que julgou serem repetidos.