Renato Souza
postado em 06/07/2018 10:10
A terceira fase da operação , é resultado de uma série de problemas no Ministério do Trabalho. As adversidades começaram quando o presidente Michel Temer decidiu entregar a pasta para o comando do PTB. Entre janeiro e fevereiro deste ano, o governo federal travou uma verdadeira guerra judicial para formalizar a deputada Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, presidente do PTB no comando da pasta. A desistência só ocorreu após o caso ir parar no Supremo Tribunal Federal (STF).
Jefferson chamou de ;perseguição; as ações judiciais que foram movidas contra a posse da deputada no ministério. Os problemas começaram por conta de uma condenação de Cristiane pela Justiça do Trabalho. Ela foi obrigada a pagar R$ 60 mil a um ex-funcionário em uma ação trabalhista. No processo, o autor afirmou ter atuado como motorista da parlamentar entre 2011 e 2014, recebendo R$ 4 mil mensais.
No primeiro ano, de acordo com a ação judicial, o funcionário era liberado para folgar apenas aos domingos. Depois, passou a trabalhar cinco dias por semana. Ele também contou à Justiça que era o responsável por levar os filhos de Cristiane a ;médicos, escola, psicólogos, baladas etc;.
Com base na condenação, o juiz federal Leonardo da Costa Couceiro, da 4; Vara da Fazenda Nacional, suspendeu a posse de Cristiane, atendendo a uma da seis ações movidas pelo Movimento dos Advogados Trabalhistas Independentes (MATI). Ao chegar no STF, a ministra Cármen Lúcia, presidente da Corte, manteve a proibição de Cristiane em ocupar o cargo e decidiu que o assunto deveria ser levado ao plenário.
Em maio deste ano, a Polícia Federal apontou a existência de um grande esquema no Ministério do Trabalho para cobrar propina pela emissão de registros sindicais. Na primeira fase da operação Registro Espúrio, foram alvos de buscas os deputados Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB). A prisão deles chegou a ser pedida ao STF, mas foram negadas pelos ministros Edson Fachin.
A insistência do partido em manter Cristiane no comando da pasta pôde ser explicada na segunda fase da operação. Ela foi o principal alvo das ações deflagradas pela PF e pelo Ministério Público Federal. O material apreendido na fase anterior apontou que Cristiane indicou o servidor Renato Araujo Júnior, apontado como operador da propina no ministério. A parlamentar também é acusada de decidir sobre os registros sindicais.
Em nota, Cristiane Brasil afirmou que ;reitera seu apoio total às investigações;, e destacou que ;não tem ingerência sobre o ministro ou o ministério; e ;espera que as investigações sejam concluídas o quanto antes para que fique provada sua inocência;.
Gestor precoce
Como se não bastassem os escândalos de corrupção, em março deste ano, mais uma polêmica recaiu sobre o Ministério do Trabalho. O protagonista das polêmicas do PTB foi um jovem de 19 anos, indicado para um cargo na pasta em que era o responsável por autorizar pagamentos de quase meio bilhão de reais com fornecedores. Os contratos gerenciados pelo adolescente giravam em torno de R$ 473 milhões.
Mikael Tavares Medeiros foi empossado em outubro de 2017 como coordenador de Documentação e Informação pelo então ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, do PTB. O salário inicial do jovem era de R$ 5,1 mil por mês. Mikael é filho de Cristiomario de Sousa Medeiros, delegado da Polícia Civil de Goiás e aliado de Jovair Arantes, o líder do PTB na Câmara dos Deputados. A mãe de Mikael é a diarista Luciana Tavares Dias, que figurava entre beneficiários do programa Bolsa-Família, para pessoas de baixa renda.