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Saiba quais avanços e retrocessos dos presidenciáveis na busca por alianças

Movimento de Alckmin em direção a um palanque único em São Paulo reforça a ainda virtual aliança entre o PDT, de Ciro, com o PSB. Negociações nos estados e definições dos vices nas chapas, porém, revelam dificuldades para anúncio de acordos

Bernardo Bittar
postado em 12/07/2018 06:00
Movimento de Alckmin em direção a um palanque único em São Paulo reforça a ainda virtual aliança entre o PDT, de Ciro, com o PSB. Negociações nos estados e definições dos vices nas chapas, porém, revelam dificuldades para anúncio de acordos
Ao confirmar o ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) como coordenador de campanha, o pré-candidato à presidência Geraldo Alckmin (PSDB) estabeleceu que, em São Paulo, os tucanos terão apenas um palanque. A movimentação faz com que o governador paulista, Márcio França (PSB), aliado de Alckmin, acabe escanteado no momento final das negociações. Por menor que a mudança possa parecer, abre uma série de reflexos nos demais estados, inclusive no Distrito Federal ; aumentando a chance de um acordo entre PSB e PDT. Nos outros estados, a dificuldade de fechar alianças permanece.

O acordo entre Alckmin e Covas reflete no Distrito Federal, porque coloca o PSB local mais próximo do PDT, onde o governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) torce pela aliança nacional com o pedetista Ciro Gomes. ;O (Carlos) Lupi, presidente do PDT, tenta pressionar o partido para colocar Rollemberg como aliado há tempos. Mas os pedetistas lançaram um pré-candidato ao Buriti no último sábado como forma de marcar território. A expectativa é de que venha uma ordem de cima. Isso pode ocorrer a qualquer momento;, contou um pedetista. No caso do PSB, a confirmação, claramente favorável a Ciro, deverá vir nos votos dos convencionais.

O cobiçado centrão ; bloco formado por DEM, PP, PRB e Solidariedade ; também está sem rumo. Juntos, eles têm bom tempo de tevê e abertura para negociar nas pontas. Com os demistas cada vez mais desgarrados, a ideia é colocar alguém como o ex-ministro e candidato à Presidência da República Aldo Rebelo (SD) como vice de alguma chapa que transite entre esquerda e direita. ;Nada foi definido por causa de quantidade de gente que vai concorrer. Querem ver a viabilidade das pessoas;, comentou um progressista.

Enquanto os movimentos começam a ser costurados, muitos partidos deixam as decisões finais para a última hora. Esperam conseguir novos apoiadores até o fim das convenções partidárias, que se encerram em 5 de agosto. ;É o caso do Rodrigo (Maia), que já desistiu da ideia de ser candidato ao Planalto, mas vai segurar a informação até conseguir fechar alguma aliança vantajosa para o DEM;, explicou um correligionário. Maia nega a desistência.

Para Cristiano Noronha, analista político da consultoria Arko Advice, montar alianças está difícil porque ninguém lidera com folga os cenários eleitorais. ;Deixar as decisões para depois serve, também, para vender caro o apoio. A reforma política mudou o período de convenção, que era até 30 de junho. Isso dá a impressão de que está meio atrasado mas estamos na mesma situação de outros anos.;

Dirigentes de partidos que falaram com o Correio detalharam que há divergência entre um estado e outro, daí a dificuldade em conseguir fechar os chamados ;acordões;. ;Se um candidato a governador colocar como vice alguém da chapa concorrente no âmbito nacional, cria problema para quem disputa a presidência;, conta um cacique partidário ouvido pela reportagem.

Os próprios nichos dentro dos partidos podem influenciar. É o caso da ala feminina do PR, preocupada em não se eleger caso a legenda feche acordo com Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pelo Planalto. O deputado quer o senador Magno Malta (PR-ES) como vice, por isso. As mulheres avaliam que o discurso controverso de Bolsonaro pode trazer dificuldades para elas.

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