Politica

Marina Silva se mantém forte, longe de polêmicas e escândalos de corrupção

Apesar de não entrar nas principais negociações de alianças e palanques regionais, a presidenciável Marina Silva mantém o fôlego. Memória do eleitor e sentimento de mudança explicam a performance

Alessandra Azevedo, Gabriela Vinhal
postado em 15/07/2018 08:00
Marina tem a vantagem de já ter concorrido duas vezes e não estar envolvida em casos de corrupção

No mar de nomes cotados para a corrida eleitoral deste ano, a pré-candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede) se coloca como uma opção de centro, afastada da polarização que causa boa parte dos problemas políticos que o país enfrenta. Longe de escândalos de corrupção, com discursos diplomáticos e um eleitorado fiel, Marina segue como a terceira mais votada nas pesquisas, atrás apenas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PSL). Na última pesquisa Ibope, divulgada no fim de junho, ela tinha 13% das intenções de voto no cenário sem Lula, perdendo apenas para Bolsonaro (17%). Por outro lado, o partido pequeno e a dificuldade em formar alianças podem ameaçar a campanha da pré-candidata quando o jogo começar oficialmente.

A resiliência de Marina Silva é analisada por especialistas como um emaranhado de atitudes que a mantém como forte candidata. Por ser a terceira candidatura dela ao Planalto e ter avançado nas últimas eleições, a ex-ministra conseguiu a exposição para se tornar conhecida e fidelizou eleitores. Ela conta, segundo o gerente de análise da consultoria Prospectiva Thiago Vidal, com ;um recall muito grande;. Além do bônus da memória do eleitor, muitos analistas consideram que a campanha tem apelo forte, pois se baseia em uma nova proposta política que foge dos partidos maiores, como PSDB, PT e MDB. Outro fator que pesa favoravelmente é o fato de ela nunca ter se envolvido em casos polêmicos da política.

O cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV) Sérgio Praça aponta coincidências entre os três pré-candidatos que seguem à frente nas pesquisas de intenção de voto ; Ciro Gomes (PDT), Bolsonaro e Marina. Todos utilizam o discurso de não formarem alianças com os antigos caciques, já velhos conhecidos da população, ou que tenham conquistado os holofotes por denúncias de corrupção. ;Normalmente, ser de uma legenda pequena atrapalharia a caminhada, mas, nesse caso, ajuda. Inclusive, porque não há nenhum escândalo envolvendo a Rede;, avalia Praça.

A peregrinação solitária, entretanto, pode afastar Marina da Presidência. Embora ela mantenha negociações com partidos como PPS, PHS, PROS, os obstáculos para formar aliança e a dificuldade da pré-candidata em negociar podem fazer com que ela não conquiste mais tempo de televisão. ;Para ela, o tempo de tevê é mais importante que a internet, porque precisa conquistar as pessoas que ainda não se decidiram ou votarão nulo;, esclareceu Praça.

Se for sozinha, Marina terá direito a apenas 46 segundos nas telinhas por dia, nove segundos a cada bloco de 12 minutos, e sem garantia de participação em debates. Outra desvantagem de Marina será quanto aos recursos escassos do fundo eleitoral, na comparação com outros candidatos. Enquanto a Rede conta com R$ 10,6 milhões do fundo eleitoral, partidos maiores têm até sete vezes mais dinheiro para destinar aos candidatos à Presidência. O PSDB, por exemplo, anunciou que gastará R$ 70 milhões do fundo com a campanha de Alckmin, o teto permitido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Aproximação com evangélicos


Na busca pelo eleitorado evangélico, a pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, se encontrou, na noite de sexta-feira, com pastores de igrejas históricas que se distanciam da pauta defendida pela bancada evangélica no Congresso Nacional. O movimento foi visto por interlocutores e líderes religiosos como contraponto a Jair Bolsonaro (PSL), presidenciável que vem recebendo apoio de figuras evangélicas críticas a Marina. A pré-candidata se reuniu, na capital paulista, com um grupo de pastores composto em sua maioria por presbiterianos, batistas e luteranos que já a apoiaram em eleições anteriores. No discurso, ela defendeu pontos de uma reforma política apresentada pelo movimento Reforma Brasil, encabeçado pela Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo.

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