Politica

Falta de dinheiro privado nas eleições preocupa campanha de presidenciáveis

De olho no dinheiro dos outros partidos, os presidenciáveis querem acumular cifras e tempo de tevê

Gabriela Vinhal, Bernardo Bittar
postado em 20/07/2018 06:00

De olho no dinheiro dos outros partidos, os presidenciáveis querem acumular cifras e tempo de tevê

A falta de dinheiro do setor privado nas eleições faz com que os candidatos à Presidência da República precisem se preocupar com as finanças de suas campanhas. De olho no dinheiro dos outros partidos, os presidenciáveis querem acumular cifras e tempo de tevê para tentar vencer os obstáculos de uma eleição curta, polarizada e com pouca verba. Especialistas, entretanto, garantem que notoriedade e carteira cheia não são sinônimos de vitória.

Com o valor total de R$ 1,7 bilhão, o Fundo Eleitoral é dividido entre os 35 partidos. O cálculo para dividir o montante foi baseado nos votos obtidos na Câmara nas últimas eleições e no número de parlamentares eleitos. As legendas recebem, igualmente, 2% dos recursos; 35% em equilíbrio aos votos do último pleito na Câmara; 48% na proporção de parlamentares eleitos na Casa e 15% de representantes do Senado. Os cinco partidos que recebem mais de 50% do total do fundo eleitoral são MDB, PT, PSDB, PP e PSB.

Ao caminharem sozinhos, Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) tendem a ser prejudicados pela falta de dinheiro. Por outro lado, Ciro Gomes (PDT), que sequer recebe o teto de gastos permitido às candidaturas presidenciais imposto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ; R$ 70 milhões ;, será o mais beneficiado caso consiga fechar alianças com rearranjos financeiros. O quinhão do PDT corresponde a R$ 61,4 milhões (leia quadro).

Os tucanos têm o terceiro maior Fundo Eleitoral. Portanto, segundo especialistas, o que está em jogo para Geraldo Alckmin (PSDB), que mantém diálogos abertos com partidos do centrão ; PTB, PSD, PPS, PR, PV, DEM e SD ;, são os tempos de televisão e rádio, palanques estaduais e força no Congresso. Apesar do uso ostensivo das redes sociais, os veículos tradicionais ainda têm peso para conquistar a massa do eleitorado. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), por sua vez, prometeu bancar a própria candidatura, e Luiz Inácio Lula da Silva precisa do dinheiro a mais para bancar a eventual movimentação na chapa caso não seja o candidato de fato.

Para o analista político Creomar de Souza, o cenário atual mostra que a preocupação dos partidos médios e pequenos é o pleito ao Congresso, não ao Planalto. ;Independentemente do candidato que ganhar a eleição, será necessário manter o mínimo de diálogo com os parlamentares da Casa;, acrescentou. Souza disse, ainda, que essas legendas precisam sobreviver à movimentação ou serão esquecidos.

O professor Carlos Melo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou que tempo e dinheiro sempre são relevantes mas, segundo ele, não são suficientes para se ganhar uma eleição. ;Isso só se torna determinante quando se tem dois candidatos pareados no segundo turno, por exemplo. Aí, faz diferença. O doutor Ulysses (Guimarães) saiu na frente nessas duas vertentes, em 1989, e ficou em sexto lugar;, lembrou.

Manter os cofrinhos cheios, no entanto, pode mudar o cenário para Ciro Gomes, explicou Carlos Melo. ;Para Ciro, faz diferença. Mas quem disse que os (cerca de) 200 milhões do PT vão salvar a candidatura deles? O partido está comprometido com a Lava-Jato. É como o MDB, que traz o desgaste do governo Temer nas costas.; Questionado sobre as facilidades que um aporte financeiro traria nesses casos, o professor concordou: ;Se a carteira estiver cheia, fica mais fácil tentar fazer com que a população esqueça as coisas ruins.;

O advogado eleitoral Weslei Machado explicou que fica a critério de cada partido a quantia que deverá ser cedida em caso de coligações. A determinação de 30% do Fundo Eleitoral ser destinado às candidaturas femininas, no entanto, só é para cargos de deputados federais e estaduais. O TSE informou ao Correio que não existe limite de quanto um partido pode destinar financeiramente a outro nas coligações. Além disso, a doação de parte do fundão não é obrigatória.

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