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Ciro Gomes promete combater privilégios e corrupção no país

Ciro ressaltou que o Brasil está com uma situação fiscal 'absolutamente deplorável', sinalizando para os mercados temerosos de suas propostas 'populistas'

O centro-esquerdista Ciro Gomes prometeu nesta sexta-feira (20/7) combater os privilégios e a corrupção, depois de ter sua candidatura oficializada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT).

O político de 60 anos, que tenta pela terceira vez chegar ao Palácio do Planalto, foi nomeado por cerca de 500 delegados do PDT e representantes de movimentos sociais reunidos em Brasília sob gritos de "Brasil presente, Ciro presidente".

[SAIBAMAIS]Conhecido por suas derrapadas verbais e sua capacidade de transitar por partidos de cunho ideológico oposto, Ciro insistiu na necessidade de "voltar a crescer, de se reindustrializar, de reduzir as desigualdades para acabar com a vergonha da pobreza extrema". Também ressaltou que o Brasil está com uma situação fiscal "absolutamente deplorável", sinalizando para os mercados temerosos de suas propostas "populistas".

Ciro, que já foi ministro da Fazenda em 1994 e ministro da Integração Nacional no governo Lula, prometeu combater "com dureza e intransigência" a corrupção, que disse ser um "câncer" que quebra a confiança do povo na democracia.

Falou, ainda, em enfrentar a "cultura do ódio", às vésperas de uma eleição presidencial caracterizada pela incerteza, na qual se destaca a figura do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro, nostálgico da ditadura militar e favorável à flexibilização do controle das armas para combater a violência.

A tentativa de Ciro de se apresentar na confluência de várias correntes políticas foi abalada depois que o "centrão" - uma aliança de partidos de direita e centro-direita - anunciou que apoiará o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB.

Lula lidera as pesquisas eleitorais, apesar de cumprir desde abril uma pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção. É provável que sua candidatura seja impugnada pela justiça eleitoral. Na ausência de Lula, Bolsonaro lidera as pesquisas de intenções de voto, com 17%, seguido por Marina Silva (13%) e de Ciro Gomes (8%).

"É a primeira vez que você tem disputa nos dois blocos hegemônicos desde 1994. No bloco da centro esquerda você tem uma relativa crise do PT, que abriu espaço para Ciro Gomes, e no da centro direita surge um fenômeno como o (Jair) Bolsonaro, que traz para a agenda uma discussão de extrema direita", explica à AFP Ricardo Sennes, diretor da consultora Prospectiva.

- Negociações frenéticas -

As convenções partidárias, que acontecem até 5 de agosto, são uma etapa importante nas eleições, que também vão eleger 27 governadores, 513 deputados e um terço dos 81 senadores, com primeiro turno em 7 de outubro e eventual segundo turno no dia 28.

Até o dia 15 de agosto, os 35 partidos representados no Congresso terão que escolher seus candidatos ou fechar alianças para formar uma lista com o maior número de apoios possível.

Isso é fundamental para conseguir mais fundos eleitorais e mais minutos de propaganda gratuita em rádio e televisão, distribuídos em função do tamanho e do número de deputados de cada bancada. É o momento dos acordos muitas vezes inverossímeis, sobretudo com a proibição do financiamento empresarial.

"Todos terão que fazer muitas concessões. Alguns partidos esperam até o final para ter certeza de quem oferece mais", aponta Sennes.

Após a convenção do PDT, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) lançará no sábado a candidatura de Guilherme Boulos e, no domingo, o Partido Social Liberal (PSL) anunciará a candidatura de Bolsonaro.

O Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do presidente Michel Temer, que desistiu de candidatar-se diante da sua impopularidade recorde, deve lançar no dia 2 de agosto a candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

Três partidos realizarão duas convenções em 4 de agosto: o PT, que espera oficializar a candidatura Lula; o pequeno Rede, de Marina Silva, em sua terceira tentativa de chegar ao palácio do Planalto; e o PSDB, que lançará Alckmin.