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Levantamento sobre as viagens dos presidenciáveis revela estratégias

Levantamento feito nos últimos três meses mostra que, enquanto nomes mais à esquerda buscaram o Norte e o Nordeste, candidatos da centro-direita se movimentaram no Centro-Oeste, Sul e Sudeste

Murilo Fagundes* , Deborah Fortuna
postado em 22/07/2018 07:00
Em busca de alianças estaduais e com objetivo de conquistar um possível eleitorado, os pré-candidatos à Presidência da República viajam o Brasil e tentam fortalecer os nomes para a disputa ao Planalto. Com o corte de 90 para 45 dias no período de campanha, os presidenciáveis ficam em ponte aérea para alcançar os votos dos indecisos, enquanto tentam atrair coalizões para aumentar o tempo de televisão.

O Correio mapeou as cidades por onde passaram os principais nomes que concorrem ao Palácio do Planalto, nos últimos três meses. O levantamento mostra que, enquanto os partidos mais à esquerda apostam no Nordeste, àqueles mais à direita, descem o mapa e dialogam com as regiões ao Sul. O levantamento foi feito com base em informações públicas, e com as informações dos partidos.

No caso do PT, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece preso em Curitiba e, com isso, impossibilitado de viajar o país em pré-campanha, o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad foi inserido para simbolizar os petistas. Nesse caso, o que foi possível verificar é que, antes da prisão de Lula, em abril, Haddad ocupava a agenda com palestras em universidades. Após o encarceramento do ex-presidente, as visitas passaram a incluir Curitiba. Nos últimos meses, Haddad tem buscado força, principalmente, nos estados do Nordeste.

Além do ex-prefeito, candidato Ciro Gomes (PDT), e os pré-candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Guilherme Boulos (PSol) também estão entre os que mais visitam a região. Nesse último caso, apesar de a agenda mostrar poucas visitas nos estados do Norte, a pré-candidata à vice-presidência do partido, Sônia Guajajara (PSol), tem uma agenda cheia na região. Para o analista político e diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, o Nordeste é um ;reduto do PT;, já que, por causa dos programas de assistência implantados por Lula, o partido continua com influência na região. ;Talvez, por isso, alguns pré-candidatos de esquerda considerem ir até lá. No caso do Bolsonaro, a penetração (dele) no Nordeste, se comparada a outras regiões, ainda é pequena. Mas, isso mostra que ele já está se movimentando;, analisou.

Arte mostra lugares visitados por candidatos

[SAIBAMAIS]Apesar de fazer muitas visitas no estado de São Paulo, a pré-candidata do PCdoB, Manuela D;Ávila, concentrou-se mais no estado de origem, Rio Grande do Sul. O mesmo fez Álvaro Dias (Podemos), cuja as pesquisas de intenção de voto apontam resultados melhores na região Sul. Já Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) buscam apoio nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. ;Alckmin e Meirelles não estavam indo ao Nordeste, porque focaram em concretizar as coligações dos partidos. As reuniões ocorreram de forma mais expressiva em Brasília e São Paulo. Agora vão expandir as rotas;, avaliou Queiroz. No caso de Marina, para o analista, o período de pré-campanha a permitiu fazer muitas articulações, ou visitar bases, mas isso deve mudar assim que a convenção partidária oficializar o nome em 4 de agosto, em Brasília.

Até agora, os pré-candidatos se mobilizaram apenas em prol das alianças partidárias, seja para buscar mais recursos em fundos partidários ou para conquistar mais tempo de televisão. ;Eles ainda não tinham base consolidada nos estados, mas, agora, começam a ter estrutura mínima para terem visibilidade;, explicou Queiroz. Em contrapartida, a região Norte é a que menos tem visita de pré-campanha.

Já para o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Calmon, as viagens em época de pré-campanha tendem a discutir assuntos como agronegócio, varejo, ou são visitas a veículos de imprensa, universidades e, até mesmo, associações. ;Elas são programadas em função de um planejamento interpretativo das pesquisas, das oportunidades de alianças;, afirmou. ;Eleições presidenciais são complexas, demandam recursos e pessoas. Alguns partidos já possuem estrutura montada e possuem recursos disponíveis neste momento já para apoiar seus candidatos. Outros vão literalmente encontrar dificuldade para levantar voo. Por isso, a importância das alianças;, acrescentou.

* Estagiário sob supervisão de Leonardo Cavalcanti

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