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Centrão deve anunciar hoje sugestão de nome para ser vice de Alckmin

Depois de ganhar tempo de televisão com coligações, ex-governador espera uma definição do bloco formado por cinco legendas

Bernardo Bittar, Deborah Fortuna
postado em 26/07/2018 06:00
Alckmin: todas as atenções do tucano, depois de fechar com o centrão, estão na escolha do vice para a chapa

Ao conquistar o apoio do centrão, Geraldo Alckmin (PSDB) se cacifou como um dos favoritos na campanha presidencial. No que diz respeito a rádio e televisão, o tucano é o mais forte entre os concorrentes. Alckmin chegou ao pelotão principal na corrida ao Planalto, ainda que a sopa de letrinhas dos aliados nos palanques estaduais dificulte a escolha do vice. Apesar do nó, a expectativa é de que esse nome seja revelado ainda hoje pela manhã, após reunião dos integrantes do centrão ; bloco composto por DEM, PR, PP, PRB, SD.

Os presidentes das legendas vão se encontrar às 10h em um hotel do Setor Hoteleiro Norte, em Brasília, para informar qual presidenciável apoiarão na corrida ao Planalto. A expectativa é de que se firme a parceria com Alckmin. Com a aliança, o tucano passa a ser o recordista em tempo de rádio e tevê, além de ser um dos mais abonados pelo Fundo Eleitoral. Ontem à noite, os dirigentes se reuniram na casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para definir as últimas estratégias e escolher o nome para compor a chapa.

O grande problema de Alckmin é conseguir desatar o nó do vice. O resultado também pode sair hoje, após a reunião dos dirigentes dos partidos. São cotados para preencher a vaga o filho do ex-presidente José de Alencar, o empresário Josué Gomes; e os ex-ministros Aldo Rebelo (SD), da Ciência e Tecnologia; e Mendonça Filho (DEM), da Educação. Embora seja o preferido do ex-governador, Josué busca a aprovação da mãe, a ex-primeira-dama Marisa Gomes, que não quer o afastamento entre o filho e o PT. ;Alckmin deixou claro seu desejo pelo nome dele, mas houve resistência e o bloco está buscando novas opções;, disse o deputado Sílvio Torres (PSDB).

Josué diz que ;não há espaço para erros; nas eleições de outubro. Ainda assim, mesmo próximo aos petistas, o empresário faz palanque para os tucanos e lembra que decisões dessa magnitude precisam de calma. Enquanto o nome dele gira, demistas tentam colocar Mendonça Filho como vice de Alckmin. A decisão, se concretizada, pode deixar o partido muito poderoso, já que o DEM pretende lançar Rodrigo Maia (RJ) à reeleição como deputado para, na sequência, voltar a presidir a Câmara.

;Não vejo problema nessa aliança (com Geraldo Alckmin), o que muita gente acha é que o partido vai ficar muito à frente se tiver um vice-presidente da República e um presidente da Câmara;, comentou uma pessoa ligada ao partido. Vale lembrar, no entanto, que Mendonça Filho pretende disputar uma vaga no Senado. Teria que deixar essa vontade de lado para concorrer com os tucanos ao Executivo.

Fora Josué e Mendonça, ainda há negociações sobre a presença de Aldo Rebelo na chapa ; influência do centrão. O ex-ministro, no entanto, é visto como alguém muito à esquerda que, mesmo indicado pelo Solidariedade, despertaria olhares atravessados. Para o professor de ciência política da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) João Feres Júnior dificilmente a popularidade de Alckmin aumentará com a escolha do vice, independente de qual dos três escolher. ;A maior questão dele não é o vice. Vice não faz diferença para ele. A não ser que seja alguém famoso, que coloque uma dimensão forte. Aldo (Rebelo) até poderia fazer isso, mas ele é pouco conhecido para o eleitorado;, avaliou.

No caso do ex-ministro Mendonça Filho, o desafio engloba a sigla. ;O DEM é um partido pouco ou nada popular. E Mendonça já não é popular tampouco. Pelo menos, eles têm máquina partidária, estrutura. Mas não sei se ele adicionaria alguma coisa à campanha;, opinou. Sobre Josué, o especialista acredita que, apesar de ter sido cogitado como vice do PT, poderia trazer mais alianças de outras categorias a Alckmin. ;Ele consegue trazer um verniz mais progressista e conseguir apoio;, especialmente dos empresários reticentes à candidatura do tucano.

Antes do jantar com Alckmin, em Brasília, dirigentes do centrão esperavam a resposta de Josué, mas já traçavam plano B. Enquanto o Solidariedade tentava emplacar a indicação de Rebelo, o PP queria a cadeira para o empresário Benjamin Steinbruch. O presidente da Companhia Siderúrgica Nacional se filiou ao PP para ser vice do pré-candidato Ciro Gomes (PDT), mas a estratégia naufragou. Agora, Steinbruch entrou na lista dos citados para fazer dobradinha com o PSDB.

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