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Fake news ameaçam a vacinação no Brasil e ressuscitam doenças

Notícias falsas não trazem riscos apenas ao processo eleitoral. Boatos sobre processo de imunização de crianças atingem redes sociais. Entidades civis se reúnem para alertar sobre o risco de reintrodução da poliomielite e do sarampo no país

Otávio Augusto
postado em 30/07/2018 06:00
De nove vacinas prioritárias do calendário infantil, nenhuma atingiu a meta de 95% do público-alvo no ano passado. A maior parte delas ficou, em média, em 70% do total

;A vacina é mortal.; ;Essas doses já mataram milhares.; ;Não vacine seus filhos. É um risco.; Frases como essas são amplamente compartilhadas nas redes sociais e aplicativos de mensagem como o WhatsApp. Ataques à vacina têm se tornado problema de saúde pública e preocupado especialistas. Nas redes sociais, o Correio localizou grupos que somam quase 15 mil pessoas nos quais grassam as fake news, as notícias falsas. Comumente, são informações infundadas, mentirosas e apelativas. Para combater os baixos níveis de cobertura, o Ministério da Saúde estuda ampliar o Programa Saúde na Escola, fortalecendo a vacinação nas escolas.

[SAIBAMAIS]Na última semana, as Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP), de Imunizações (SBIm) e Infectologia (SBI), em parceria com o Rotary Internacional sob o apoio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), assinaram conjuntamente um manifesto que alerta para o risco de reintrodução da poliomielite e do sarampo no Brasil. ;Diante do quadro atual, há necessidade da união de esforços de todos para a manutenção do país livre dessas doenças. As coberturas vacinais ainda são heterogêneas no Brasil, podendo levar à formação de bolsões de pessoas não vacinadas;, destaca o documento.

Atualmente, o Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde contempla 19 vacinas, que são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a toda a população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) é categórica: a vacinação é a segunda maior conquista da saúde pública. Fica atrás somente do consumo de água potável. No entanto, o sucesso das ações de imunização ; que teve como resultado a eliminação da poliomielite, do sarampo, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita ; têm causado em parte da população e ; até mesmo em alguns profissionais de saúde ; a falsa sensação de que não há mais necessidade de se vacinar. Um erro.


O Ministério da Saúde garante que faz sua parte. O órgão estuda fortalecer a parceria com o Ministério da Educação para ampliar o Programa Saúde na Escola, que realiza o fortalecimento das ações de promoção, prevenção e atenção à saúde. A ideia é incrementar as ações de vacinação nas salas de aula. ;Atuamos fortemente na disseminação de informações sobre vacinação em nossos meios de comunicação, seja por campanhas publicitárias, por meio de entrevistas de especialistas;, adianta, em nota, sem revelar os detalhes.

Insuficiência


De nove vacinas prioritárias do calendário infantil, nenhuma atingiu a meta de 95% de imunização no ano passado. A maior parte delas ficou, em média, na casa dos 70%. As vacinas que protegem contra o sarampo tiveram queda. A tríplice viral passou de 96% de cobertura da população em 2015, para 83,87% no ano passado. A tetra viral saiu de 77,37% para 70,6% no mesmo período. O mesmo aconteceu com a tetra viral, poliomielite, BCG, Rotavírus humano, Meningocócica C, Pentavalente e Pneumocócica.

Representantes de entidades e do Ministério da Saúde assinaram manifesto em defesa da vacinação

Para melhorar os índices, uma campanha nacional de vacinação será realizada entre 6 e 31 de agosto. Em 18 de agosto, um sábado, postos de saúde em todo o Brasil estarão abertos para imunizar quem não recebeu doses da vacina. A apresentadora Xuxa Meneghel será madrinha da campanha. ;Esse papo de ;não precisa vacinar; não; é mentira. Quem está falando isso é mentiroso. Tem que vacinar, sim. Se você ama o seu baixinho, se você ama a sua baixinha, vamos vacinar;, reforça a apresentadora no vídeo institucional que ainda será lançado.

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