Plácido Fernandes
postado em 30/07/2018 21:43
Que as redes sociais são um território povoado por extremismos políticos não é novidade. Mas uma iniciativa da Fundação Getulio Vargas, ao analisar 5,4 milhões de publicações no Twitter, ajuda a entender melhor como funciona o faroeste da desinformação nesses espaços e alerta para os estragos que ferramentas como essa podem provocar nas eleições de 2018 no Brasil. Do total de interações analisadas, nada menos que 2.307.986 retuítes foram feitos por perfis, incluindo robôs, ligados aos dois polos denominados de direita e de esquerda. E a maior incidência de bots ; usados para propagar fake news produzidas por pistoleiros a soldo ; se dá justamente nos campos ligados aos nomes que, segundo pesquisas de intenção de voto, hoje dominam a cena política brasileira: Bolsonaro e Lula. O centro, com 74.440 interações no universo geral, é uma espécie de cego em tiroteio.
Ou seja: é grande o risco de a democracia brasileira ser manipulada. Nos Estados Unidos, por exemplo, há forte suspeita de que dados de usuários do Facebook tenham sido usados por russos para prejudicar Hillary e ajudar a eleger Trump. No Reino Unido, também teriam sido manejados a favor da aprovação do Brexit, o referendo que selou o rompimento dos britânicos com a União Europeia.
Discute-se no Brasil formas de combater as fake news para tentar reduzir seu impacto nas eleições. Mas se trata de luta inglória. Desde a primeira eleição de Lula ao Planalto, em 2002, o PT atua sistematicamente para desacreditar a mídia profissional no país, valendo-se principalmente do território sem lei das redes sociais. Hoje, com o ex-presidente condenado, preso e inelegível pela Lei da Ficha Limpa que ele mesmo sancionou, o partido repete a estratégia para tentar desmoralizar o Judiciário, soltar Lula e validar a candidatura dele.
Pelo menos entre os políticos que tentam se salvar da Lava-Jato existe uma grande torcida para que o petista saia vitorioso dessa peleja. Afinal, para ricos e poderosos, seria a restauração da impunidade, abalada desde as investigações que desnudaram o mensalão e expuseram ao país as entranhas abertas do bilionário esquema de corrupção que destroçou a Petrobras. Até aqui, investigações sobre quem seria o poderoso chefão da maracutaia não foram concluídas. Mas a delação do ex-ministro Antonio Palocci lança pistas que podem ir além do Powerpoint.