Politica

Proposta de "não coligação" vence e PSB mantém acordo firmado com PT

A convenção nacional do PSB começou com a legenda sob clara divisão de correligionários

Rodolfo Costa
postado em 05/08/2018 11:57
Convenção Nacional do PSB
A proposta de ;não coligação; do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, foi a vencedora na convenção nacional da legenda. Por maioria, a proposição de liberar os estados para coligarem com PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do PDT, de Ciro Gomes, ganhou do outro posicionamento defendido pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, de apoiar nacionalmente a candidatura pedetista. Com isso, mantém-se o apoio firmado com os petistas nos estados.

O argumento apresentado por Siqueira é de que o apoio a uma candidatura específica, seja do PT ou do PDT, inviabilizaria a disputa do partido nos estados. A legenda tem 10 candidaturas a governador, como em Pernambuco, a ;menina dos olhos; dos pessebistas. O presidente do partido garante que a proposta primordial era apresentar um candidato próprio. Na ausência de um, a aposta era pela ;não coligação;.

A sustentação do mandatário é de que a proposta não é uma ;neutralidade;. ;A neutralidade não existe nem nas pessoas, e muito menos no partido político. E seria um absurdo que nós ficássemos neutros diante de um cenário político eleitoral completamente atípico em que o candidato com mais intenções de votos esteja preso;, destacou Siqueira, ao se referir a Lula.

O presidente pessebista aprofundou o argumento ressaltando que o não apoio ao PT nos estados pode favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro, do PSL. Embora não tenha citado o nome do deputado federal, Siqueira o classificou como um ;retrocesso absoluto para os direitos humanos;.

Para Siqueira, a possível vitória de Bolsonaro nas urnas é uma ;ameaça concreta; de continuidade do governo do presidente Michel Temer. O mandatário do PSB categorizou a gestão atual e comparou à do candidato do PSL como ;implantação de medidas ;ultraliberais;;. ;Significaria para o partido, sobretudo, um retrocesso político e ainda maior do ponto de vista social. E nós socialistas não podemos admitir isso;, declarou.

O dever do partido, avalia Siqueira, é barrar o avanço conservador no país. ;Este cenário de crise e retrocesso que se prolonga, essa atmosfera conservadora que sopra forte sobre o país, nós socialistas temos que barrá-la. E, para fazer isso, temos que estar unidos em torno dos candidatos que poderemos optar;, declarou.

Protestos escancaram divisão no partido

A convenção nacional do PSB começou com a legenda sob clara divisão de correligionários. Com palavras de ordem, militantes entraram no saguão do evento gritando ;Minas Gerais já declarou Márcio Lacerda governador;. Outros pessebistas ostentam cartazes com frases como ;Ciro Gomes presidente; e ;Ciro não é poste, Ciro é luz;. Pressionado, o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, defendeu a tese de que o partido vote a proposta de ;não formalização de coligações;.

O mandatário pessebista sustentou que a proposta é o melhor caminho para permitir que, nos estados, os candidatos da legenda a governador, senador e deputado possam coligar com partidos com ;afinidade política e programática;. Ou seja, alguns estados ficarão liberados para coligar com o PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou o PDT, de Ciro Gomes. Em Minas Gerais, onde há uma disputa judicial para que Lacerda possa participar, há um veto do diretório nacional.

A obstrução da campanha de Márcio mostrou uma clara divisão do partido. No entendimento de parte dos correligionários, o veto ao ex-prefeito de Belo Horizonte em favor do acordo com os petistas isola Ciro, visto por eles como um candidato mais viável que Lula. Outros, no entanto, entendem que é melhor não coligar e deixar os estados livres para negociarem com as legendas mais convenientes.

O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, é um dos contrários à proposta de Siqueira. Para ele, a coligação com Ciro é a melhor opção. ;Eu entendo que, se tivermos a capacidade de unificarmos como estamos tentando fazer aqui em Brasília, o campo progressista que possa apresentar propostas concretas para o desenvolvimento sustentável nós teremos a oportunidade de fortalecer esse campo progressista. A posição do DF é de apoiar uma candidatura no campo progressista, que é a candidatura de Ciro Gomes;, declarou.

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