Deborah Fortuna, Gabriela Vinhal, Vera Batista
postado em 07/08/2018 06:00
Com os vices definidos, presidenciáveis partem com tudo para a eleição. As coligações partidárias fechadas ajudam a entender o perfil do eleitorado e os próximos caminhos que os postulantes devem seguir no pleito. Além do fundo eleitoral, está em jogo a somatória do tempo de televisão. A dois meses das eleições, marcadas para 7 de outubro, candidatos tentam valorizar o discurso e rechaçar concorrentes na busca pelo Planalto.
Primeiro postulante a formar alianças, Geraldo Alckmin (PSDB) escolheu a senadora Ana Amélia (PP) para acompanhá-lo na disputa. Fechado com o Centrão ; PP, PR, PTB, PPS, DEM, PRB, PSD e Solidariedade ;, o tucano reúne o melhor tempo de televisão, com cerca de 5 minutos e 32 segundos. Já o fundo eleitoral do partido destinado à campanha é de R$ 43 milhões. Para especialistas, a chapa formada com a senadora é uma tentativa de agradar a coligação e tomar votos do eleitorado de Jair Bolsonaro (PSL) e de Álvaro Dias (Podemos), mais forte no Sul.
Ontem, durante o evento Coalizão pela Construção ; O Futuro do Brasil na Visão dos Presidenciáveis 2018, que ocorreu em Brasília, o tucano afirmou que Ana Amélia é a ;vice dos sonhos;. ;Ana Amélia vai ampliar e formar uma boa chapa para fazer uma bela campanha e trabalhar pelo Brasil. Ela é preparada, séria;, elogiou.
Com o segundo melhor tempo de tevê ; 2 minutos e 22 segundos ;, o PT lançou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato e oficializou Fernando Haddad como vice. No entanto, antes do anúncio, o partido fechou acordos com o PSB e com o PCdoB, que decidiu retirar a candidatura de Manuela D;Ávila para que ela fique de reserva caso o petista seja barrado. A estratégia do PT era isolar Ciro Gomes (PDT), que tentava a coligação com as siglas depois que o Centrão fechou com Alckmin.
Esse foi um dos motivos que levaram o pedetista a escolher a correligionária Kátia Abreu para assumir a chapa com ele. Sem alianças e com opções limitadas, ele seguirá na disputa com apenas 40 segundos de televisão e com fundo eleitoral de R$ 13,3 milhões. Questionado sobre Kátia Abreu ter passado por muitos partidos na vida política, o ex-ministro ressaltou a lealdade e o comprometimento da colega.
;Minha candidatura é de centroesquerda. Duvido que alguém tenha sido mais leal a Dilma Rousseff (PT) que Kátia Abreu. Ela votou em mim e é uma líder, tem uma trajetória exemplar e o nome limpo. Foi expulsa do MDB por ter criticado o impeachment e feito oposição a Michel Temer;, defendeu.
Já Henrique Meirelles (MDB), que terá de arcar com as consequências de um governo impopular do correligionário Michel Temer, segue isolado na disputa com um vice do mesmo partido, o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto. O emedebista custeará a própria campanha e, sem alianças, manterá o tempo de televisão do partido, com 1 minuto e 56 segundos.
Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL) são os candidatos que não têm muito apoio e não contam com uma bancada expressiva no Congresso ; o que deixa curto o tempo de campanha em rede nacional. Com o vice do PV, Eduardo Jorge, Marina terá apenas 21 segundos. Já Bolsonaro, que escolheu o general Mourão, terá 9 segundos para tentar convencer o eleitorado indeciso.
Segundo o analista político Creomar Souza, Marina e Bolsonaro tomaram a decisão que lhes cabia, dentro do cenário em que se encontravam: a presidenciável, com o apoio de outro ambientalista e de um partido do qual já fez parte um dia, e Bolsonaro, que fez uma escolha baseada nas próprias convicções. ;Marina não conseguiu fazer coalizão. Só se juntou a um candidato que mantinha as características as quais são conhecidas. Já o Bolsonaro não conseguiu pensar fora da caixinha e considerou um vice que se relacione com seus eleitores;, explicou.