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Politica

Temer viaja ao Paraguai com Eunício Oliveira e Rodrigo Maia na comitiva

Os presidentes do Senado e da Câmara viajarão juntos para não assumirem a Presidência da República e não se tornarem inelegíveis pela Justiça Eleitoral

Após muita indecisão, o presidente Michel Temer bateu o martelo e decidiu hoje (8) viajar ao Paraguai na próxima quarta-feira (15), para acompanhar a posse do novo presidente do país, Mario Abdo Benítez. Ele terá a companhia dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). Com isso, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Carmen Lúcia, assumirá pela quinta vez a Presidência da República.

As incertezas de Temer sobre a viagem pairavam sobre as pretensões de não desagradar Maia e Eunício. Os presidentes das duas Casas do Congresso estão focados em se reeleger e qualquer viagem do presidente da República ao exterior os obriga a embarcar em alguma missão ao exterior. Em caso de não viajarem, eles ficam inelegíveis, segundo estabelece a legislação eleitoral.

Ao fim de julho, Temer viajou para o México, onde participou do encontro de presidentes dos países do Mercosul e da Aliança do Pacífico. Na mesma semana, ele foi à 10; cúpula dos Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ambas viagens forçaram Maia e Eunício a irem para fora do país. Os Estados Unidos foi o destino escolhido.

Votações

Os embarques para o exterior desviaram o foco de Maia e Eunício na reeleição. Os congressistas desejam permanecer no Brasil e mirar as estratégias para conquistar os votos necessários para continuarem na próxima legislatura. Para não desagradá-los, Temer acenou com a possibilidade de não viajar. A repentina decisão do presidente é encarada nos corredores do Palácio do Planalto como retaliação à lentidão no processo de condução de pautas prioritárias do governo no Congresso.

A prioridade de Temer é aprovar os projetos de cessão onerosa. Trata-se da possibilidade de transferência a outra empresa da titularidade de um acordo firmado entre Petrobras e a União, em 2010, que possibilitou a exploração de 5 bilhões de barris de petróleo em campos do pré-sal sem a exigência de licitação. Outra pauta é a privatização das distribuidoras de energia da Eletrobrás.

[SAIBAMAIS] As pautas foram negociadas para serem aprovadas antes do recesso legislativo, de 18 a 31 de julho. Por considerar que os projetos não estão tendo a celeridade desejada, interlocutores de Temer afirmam que ele voltou atrás na ideia de não viajar para o exterior, ignorando se a visita ao Paraguai possa interferir no processo de articulação política dos candidatos. O convite para Maia e Eunício viajarem é visto como uma cortesia e uma tentativa de enquadrá-los para votar a proposta. Há, no entanto, quem sustente que os três entraram em acordo para a viagem. A promessa é de que a missão seja rápida. Embarcam pela manhã e voltam ao fim da tarde.