Simone Kafruni
postado em 20/08/2018 18:57
Os principais candidatos à presidência participam, nesta segunda-feira (20/8) do Abdib Fórum ; Agenda da Infraestrutura com Presidenciáveis, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Base (Abdib), em São Paulo. Desde às 9h30 passaram pelo evento Marina Silva (Rede), Manuela D;Avila (PCdoB, representando a coligação de Lula), Guilherme Boulos (Psol), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT). Jair Bolsonaro (PSL), convidado, não compareceu.
[SAIBAMAIS]O evento foi divulgado em tempo real pela Agência iNFRA. A Abdib, que reúne representantes do setor de infraestrutura, apresentou uma agenda de propostas. No documento, defende que o futuro presidente apresente um conjunto de reformas para ;a expansão sustentável do setor produtivo e da infraestrutura; que passem por reforma tributária, ajuste fiscal e a definição de uma nova estratégia de desenvolvimento. O setor também sugeriu a criação do Imposto de Valor Agregado (IVA) para substituir impostos sobre o consumo.
O presidente do Conselho da Abdib, Britaldo Soares, ao abrir o fórum, disse que, seja qual for o presidente eleito terá um ;enorme desafio;. Soares lembrou que investir em infraestrutura é ;chave para imprimir ritmo de crescimento equilibrado; ao país.
Candidatos
Primeira a falar, Marina Silva disse que não é mais possível ter um estado ;provedor; e que é necessário que o governo seja ;capaz de mobilizar os melhores recursos da iniciativa privada para que possa desenvolver as potencialidades;. Para a candidata, a prioridade no setor de infraestrutura será o saneamento básico. Mas Marina admitiu que o país precisa voltar a investir em rodovias e ferrovias. Sobre energia, disse que quer tornar a Petrobras uma ;líder na geração de energia limpa;.
Marina reafirmou seu discurso sobre o sistema político, apresentando-se como alternativa ao sistema atual, usando um bordão: ;os que criaram o problema, não vão resolvê-lo;. A candidata da Rede destacou que ;não terá preconceito com os bons legados do PT e do PSDB; nos governos e que vai voltar a fazer o chamado Tripé Econômico: câmbio flutuante, superavit primário e meta de inflação. Marina afirmou que vai blindar as agências de interferência política e o que os candidatos a diretor terão que ter ;capacidade técnica, idoneidade ética e condições de mediar os diferentes interesses;.
Representante da coligação que quer Lula presidente, Manuela D;Ávila (PCdoB) ; que poderá ser vice do atual candidato a vice Fernando Haddad (PT) ; defendeu mudanças nos sistemas de controle do estado sobre os investimentos, com reversão da emenda que determina a lei do teto de gastos, para que seja possível voltar a investir. ;No Brasil, ao combatermos a corrupção, paralisamos os investimentos. Teremos que fazer uma nova equação;, afirmou. ;Se o país investe menos, arrecada menos. Esse ciclo atual precisa ser cortado;, disse.
Para Manuela, não somente uma indústria forte poderá trazer serviços de alta capacidade para o país. ;Desindustrialização não é fatalidade. Pode ser evitada e revertida;, ressaltou. Para a comunista, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI, plano de desenvolvimento da infraestrutura do presidente Michel Temer) é recente, mas ;tem dado certo; ao facilitar o diálogo e que isso pode ser mantido no governo da coligação.
O candidato do PSol, Guilherme Boulos, destacou que pretende aumentar os investimentos de menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano para 4%. ;Isso será possível com uma reforma tributária que aumente os impostos sobre renda e patrimônio;, explicou. Segundo ele, o plano de reforma tributária tem potencial de arrecadar entre R$ 80 bilhões a R$ 90 bilhões ao ano com a taxação de 15% de lucros e dividendos. Com mais cortes em desonerações, seria possível desenvolver um plano emergencial, chamado Levanta Brasil, com valores em torno de R$ 180 bilhões ao ano para o setor. Para Boulos, ;não são as reformas trabalhista e da Previdência que vão tirar o país da crise;.
Teto dos gastos
O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, criticou a regra do teto de gastos federais e disse que é desnecessária se houver corte de gastos. Para o tucano, a regra tem sido usada apenas para reduzir os investimentos porque o governo não enfrenta as corporações do serviço público que estão ganhando aumentos salarias acima da inflação desde 2016. Alckmin defendeu realizar as principais reformas ; previdenciária, tributária, do estado e política ; nos seis primeiros meses do mandato. ;O primeiro ano é definidor;, disse. Com a maior aliança da campanha, o tucano ressaltou que o apoio político poderá facilitar a aprovação das reformas no Congresso.
Alckmin afirmou que infraestrutura será o carro-chefe do governo por ser a forma mais rápida de gerar empregos ;Vamos transformar o país num canteiro de obras. Não vamos ter crescimento sem investimento;, disse. O tucano também defendeu a autonomia das agências reguladoras, para aumentar a segurança jurídica aos investimentos de longo prazo, e voltou a apresentar seu projeto de isentar impostos federais para investimento em saneamento.
O candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles, afirmou que o aumento das despesas públicas para gerar crescimento é ;falácia do governo anterior;. ;Descontrole e esculhambação não gera crescimento em país nenhum;, afirmou, ao defender a regra do Teto de Gastos, criada por ele enquanto ministro da Fazenda. ;É errado dizer que impõe teto para saúde e educação, quando o que ocorre nesses dois setores é um piso de gasto;, afirmou.
;Temos que enfrentar a questão da Previdência Social, que é questão de justiça. É um dos maiores processos de transferência de renda dos mais pobres para os mais risco da história da humanidade;, destacou. O ex-ministro disse que é necessário criar um clima de estabilidade no país para que seja possível honrar contratos e os investimentos voltarem. O emedebista disse que dará independência para agências reguladoras e citou como exemplo o que foi feito com as novas normas para a nomeação de diretores para os bancos públicos.
Reservas
Último a falar, o candidato à presidência do PDT, Ciro Gomes, afirmou que poderá usar parte das reservas internacionais, em quantidade estimada em cerca de US$ 30 bilhões, para ajudar no financiamento para retomar obras públicas. Ciro criticou a política econômica, que persiste desde o governo Fernando Henrique Cardoso, de estimular que o país tenha contas externas insustentáveis, estimulando a venda de produtos de baixo valor agregado para comprar produtos de alto valor. ;Isso é insustentável;, afirmou o candidato.
O pedetista disse que sua ;tentação; é acabar com as agências reguladoras, porque se tornaram um ;antro de ladroagem;, mas garantiu que vai ouvir o empresariado sobre isso. Foi duro ao comentar sua posição sobre o PPI. ;O defeitinho é que é administrado pelo Moreira Franco. Temos que chegar lá desratizando. Mas iniciativas desse tipo têm que ser colocadas;, explicou. Mais uma vez, Ciro atacou Bolsonaro, que está a sua frente nas pesquisas. ;Ele está representando a negação da política. É a vontade de tocar fogo para ver se nasce alguma coisa no lugar;, disse. Ciro também defendeu fazer as reformas nos primeiros nos seis primeiros meses, mas disse que a da Previdência só será possível por plebiscito.