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Saiba quais desafios PT, Lula e Haddad vão enfrentar na Justiça até outubro

Chega o último dia para questionamentos contra candidaturas, com a dúvida sobre se o ministro Luís Roberto Barroso levará o caso de ex-presidente para plenário do TSE ou se decidirá sozinho. Ministério Público paulista pede condenação de vice na chapa

Renato Souza, Gabriela Vinhal
postado em 22/08/2018 06:00

Haddad em ato de cadastro da candidatura de Lula: luta pela transferência de votos do ex-presidente, caso a Justiça não o deixe concorrer

Termina hoje o prazo de cinco dias para que candidatos, coligações adversárias, bem como o Ministério Público, entrem com impugnações contra candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral. Ao todo, a Justiça já recebeu 10 ações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o argumento de que ele foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em segunda instância da Justiça Federal e, por isso, estaria enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Na corrida para seguir com Lula na cabeça da chapa, o PT recebeu outro golpe ontem: Fernando Haddad, candidato a vice, virou réu em ação que apura prejuízo de R$ 5,2 milhões com ciclovia quando era prefeito de São Paulo.

No caso da candidatura de Lula, o período de cinco dias é definido pelo artigo 3; da Lei Complementar 64/1990. No caso do petista, os dias passam a ser contados a partir da data em que a candidatura foi homologada, ou seja, 17 de agosto. Cabe ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do pedido de registro de candidatura de Lula, ditar o rumo e o ritmo do processo. Ele dará à defesa do petista sete dias para se manifestar. No entanto, não há uma data estipulada. Nos bastidores do Tribunal, comenta-se que o magistrado deve pedir amanhã, a fim de ter o processo finalizado até o dia 30. Barroso, inclusive, afirmou que não tem interesse em atrasar o imbróglio da candidatura do petista, preso em Curitiba desde 17 de abril.

Depois disso, o ministro avalia se levará o processo ao plenário ou se tomará uma decisão monocrática. Segundo o cientista político Juliano Griebeler, diretor de relações governamentais da Barral M. Jorge, ele deve julgar em plenário, porque, se houver recurso, também será analisado em conjunto. ;Enquanto ministro, ele poderia decidir por conta própria. Mas, levando em consideração que está julgando a candidatura de um ex-presidente, que se mantém no primeiro lugar das pesquisas, preso há mais de quatro meses, é natural que seja conduzido pelo coletivo;, explicou.

Ciclovia


A sigla de Gleisi Hoffmann deixou claro que, se o ex-presidente sair da disputa, o até então vice, Fernando Haddad, se tornará presidenciável, com Manuela D;Ávila (PCdoB) como segunda da chapa. Ontem, o Ministério Público de São Paulo pediu a condenação de Haddad pelo suposto prejuízo de R$ 5,2 milhões aos cofres da prefeitura com a construção de uma ciclovia durante a gestão dele (2013-2016). Segundo a denúncia, a construção de um trecho de 12,4km, no valor de R$ 54,78 milhões, foi feita sem a devida licitação, sem projeto executivo e com preço superfaturado. Em nota, a assessoria de Haddad afirmou que ;o próprio juiz cita as medidas tomadas pelo prefeito no âmbito da Controladoria Geral do Município, por ele criada, como argumento para afastar qualquer culpa ou dolo.;

Enquanto os processos corre nos tribunais, o PT deu mais um passo para vincular a imagem de Lula à de Haddad. O ex-prefeito de São Paulo aparece em um breve vídeo nas redes sociais intitulado ;Somos milhões de Lula;. Haddad é a estrela do comercial de 1min13s, que começa com a imagem dele fazendo um L com a mão direita. ;Hoje, começa a campanha. Andarei por todos os cantos do Brasil levando suas ideias e sonhos;, afirmou Haddad.

;A ideia do PT é reforçar o nome de Lula para que esse estoque de votos a serem transferidos (para o Haddad) seja mais elevado, com a impossibilidade da participação do ex-presidente (na corrida eleitoral);, afirmou o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria.

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