O candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) se disse triste e classificou, neste sábado (1), como "trauma" a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de impugnar a candidatura do ex-presidente Lula (PT). No entanto, afirmou que o esclarecimento pelo tribunal dará clareza ao processo eleitoral desde já, evitando um tumulto maior às vésperas do primeiro turno, o que, segundo o pedetista, poderia ameaçar a democracia.
"Ter o maior líder popular do País proibido de participar do processo eleitoral é um trauma. No entanto, como em toda tragédia, há um lado bom. Eu estou triste, mas agora pelo menos temos mais clareza do processo eleitoral" declarou em evento de campanha em Curitiba. Ciro afirmou ainda que é preciso esperar as consequências da retirada de Lula e evitou comentar a possibilidade de herdar votos do petista, afirmando que isso "é coisa de coronel" e que Brasil está livre de "currais eleitorais".
No Paraná, o pedetista participou de uma caminhada no centro de Curitiba pela manhã e, depois, foi sabatinado por integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado. Também visitou a Pastoral da Criança, local em que se comprometeu em apoiar políticas públicas de saneamento básico. Ciro também almoçou na capital paranaense e, à tarde, segue para o interior do Estado, para participar de eventos nas cidades de Francisco Beltrão e Londrina.
No Estado, o PDT perdeu seu candidato próprio na disputa ao governo, com a desistência de Osmar Dias de concorrer nas eleições de 2018. Hoje, o partido integra a chapa do MDB com o deputado federal João Arruda como postulante ao cargo. Ciro classificou a desistência de Osmar de se candidatar como "página virada" e disse confiar que seu "pedaço de identificação com o paranaense está guardado", mesmo sem palanque próprio do partido no Estado.
Durante a visita deste sábado, Ciro esteve acompanhado dos candidatos ao Senado na chapa encabeçada pelo MDB: o senador Roberto Requião (MDB), que busca a reeleição, e Nelton Friedrich (PDT). A coligação paranaense inclui ainda o PCdoB. Questionado sobre uma possível a confusão que o eleitor pode ter diante da aliança, Ciro classificou o processo como "natural". "Jamais houve uma aliança nacional que se replicasse em todo o Brasil de forma coerente", disse.
Apesar de apoiar formalmente o presidenciável, Requião é próximo do PT nacionalmente e recebeu o candidato a vice na chapa petista, Fernando Haddad, em uma visita "de cortesia" na quinta-feira (30). Os petistas pedem aos eleitores que apoiem o segundo voto ao Senado para Requião. Mesmo sabendo que não é o candidato "preferido" do emedebista, Ciro elogiou o parlamentar. "Existe uma figura que o Brasil inteiro admira, que é um tesouro para o país ... que é o Roberto Requião".
O presidenciável do PDT disse também que não pretende "reverter" a preferência do Paraná sobre seu adversário na disputa, o senador Alvaro Dias (Podemos), que já foi governador do Estado. "Ele se dedicou ao Paraná por muito anos e é completamente natural que parte importante do Paraná vote nele", declarou, ressaltando que sua discordância com o candidato é sobre o projeto "conservador" que o senador defende. "O Brasil não aguenta essa agenda."
Aos metalúrgicos da Grande Curitiba, o candidato explorou temas como a geração de emprego e defendeu seu projeto Nome Limpo, em que pretende ajudar brasileiros a quitarem débitos no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). O pedetista também fez menção ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), afirmando que há outras prioridades para o Brasil antes de se debater a discussão ou não de ideologia de gênero nas escolas, pauta do candidato da direita.
Ciro também se comprometeu a revogar a reforma trabalhista da gestão Michel Temer (MDB) e envolver quatro núcleos para discutir o tema: sindicatos, empresariado, universidades e o estudo da legislação internacional. "O Brasil não precisa inventar a roda, se há países que acharam a equação sadia, .. por que não conhecer a experiência e se inspirar?"