Politica

Opinião: disputa imprevisível

Plácido Fernandes
postado em 03/09/2018 20:07
Ilustração mostra urna eletrônica em bola de cristal
Nas últimas pesquisas de intenção de voto, com Lula fora da disputa, por estar preso e inelegível pela Lei da Ficha Limpa, Marina Silva (Rede) é quem mais herda eleitores do ex-presidente. Em seguida, vem Ciro Gomes (PDT). No último Datafolha, de 22 de agosto, os dois praticamente dobram de tamanho. Marina sai de 8% para 16%. Ciro, de 5% para 10%. Geraldo Alckmin (PSDB), de 6% para 9%. E Jair Bolsonaro (PSL), que tinha 19%, passa a 22% e lidera. Enquanto isso, Fernando Haddad (PT) aparece estacionado com 4%, prestes a ser ultrapassado pelo desconhecido ;nanico; João Amoedo (Novo).
Analistas, sobretudo os do mercado financeiro, dão como certa a ida de um petista para o segundo turno. Contudo, até a decisão do TSE reconhecendo a inelegibilidade de Lula, o que as sondagens eleitorais evidenciam, sobretudo as feitas para veículos de comunicação, é a dificuldade do cacique do PT de transferir votos para o ex-prefeito. Explicitam, principalmente, que a maioria dos eleitores do ex-presidente não se mostrava disposta a referendá-lo, como fez com Dilma. Haddad não emplacava nem mesmo quando, em um dos cenários avaliados, institutos de pesquisa dão uma força para o PT, ao enfatizar para os eleitores entrevistados que o ex-prefeito será o substituto de Lula.

Faz todo o sentido a rebeldia do eleitor. Afinal, tanto na primeira quanto na segunda eleição de Dilma, Lula percorreu o país com ela a tiracolo, sempre enfatizando as qualidades de ;grande gestora; da petista. Resultado: ela foi eleita e afundou o Brasil na pior recessão da história, deixou as contas públicas em frangalhos e milhões de desempregados. Um impeachment a tirou do Planalto, mas ficou a herança maldita, que hoje nos atormenta, nas mãos do ex-aliado Michel Temer.

Desta vez, Lula não pode usar a mesma estratégia com Haddad, pois está preso em Curitiba, depois de sentenciado a 12 anos e um mês de reclusão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex. Ele também é réu em outros seis processos e suspeito de chefiar o esquema que teria desviado mais de R$ 40 bilhões da Petrobras. E não pode sequer dizer que Haddad foi um grande gestor na prefeitura de São Paulo, onde disputou a reeleição e perdeu em primeiro turno para o tucano João Doria...

Com o início da campanha na televisão, pode até ser que Haddad, com o segundo maior tempo de propaganda, deixe de ser um nanico e chegue ao segundo turno. O tucano Geraldo Alckmin, dono de um latifúndio no horário eleitoral, também aposta que chegará ao próximo round surfando na tevê. As próximas pesquisas podem captar uma reviravolta? Claro que sim! Esta eleição, todos os especialistas no assunto concordam, será uma das mais imprevisíveis da história brasileira. Não é esse, contudo, o cenário para o qual apontavam as pesquisas de maior credibilidade até agora.

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