Murilo Fagundes*
postado em 05/09/2018 17:33
Com grande parte do tempo tratando do combate à corrupção, o candidato à Presidência da República pelo Podemos, Álvaro Dias, participou nesta quarta-feira (5/9) de encontro promovido pelo canal MyNews em parceria com o portal Congresso em Foco. Na sabatina realizada em Brasília, o presidenciável voltou a elogiar o juiz Sérgio Moro e tratou de propostas econômicas, como a adoção de um sistema de capitalização da previdência e a adoção da reforma tributária.
[SAIBAMAIS]O ex-senador do Paraná, que foi favorável ao Teto dos Gastos, afirmou que, se eleito, aplicará um limitador emergencial de despesas não linear para, mesmo com um teto, proteger setores, como educação e saúde. ;No primeiro ano, já eliminaremos o déficit. No segundo ano, aplicaremos um ajuste estrutural, analisando as despesas de cada governo. Nesse momento, partimos para o superávit;, sustentou.
Álvaro Dias, mais uma vez, prometeu refundar a república e enxugar a máquina pública. ;Chegamos a 40 ministérios. Precisamos reduzir para 14 ou 15 ministérios;. Ainda defendeu a diminuição do número de senadores de três para dois. Questionado pelos jornalistas se a proposta não seria inexequível, Dias disse que ;os senadores aprovariam;. ;Nós chegamos ao fundo do poço. Ou faremos essas mudanças ou seremos atropelados e substituídos;, defendeu.
Em relação ao campo da saúde, o candidato do Podemos levantou a necessidade de suspender o programa Mais Médicos. Para ele, ;o dinheiro do imposto do contribuinte brasileiro está sendo remetido para o governo de Cuba, que fica com a parte do leão e paga um salário insignificante para os médicos que vieram;.
Assim como tem feito na propaganda eleitoral, Álvaro Dias criticou duramente a gestão petista e o ex-presidente Lula. ;Tem gente que defende a liberdade de um preso condenado com provas cabais e definitivas. Isso é velha política. A minha é a nova política. Sempre defendi um combate implacável a um sistema corrupto e retrógrado;. Aproveitou também para criticar o fundo eleitoral e, indiretamente, o PSDB, de Geraldo Alckmin. ;Esta eleição é a mais injusta, desonesta, antidemocrática, desigual. O fundo eleitoral é um escândalo. Tem candidato com tempo de televisão e rádio sobrando. Isso é desonesto;, contestou.
Moro ministro
Conhecido por proferir diversos elogios ao juiz federal Sérgio Moro, Álvaro Dias afirmou que fez um convite-homenagem ao juiz para ser ministro da justiça, mas que Moro ainda não respondeu. ;Não há necessidade de resposta agora. Certamente, se for eleito, ligarei para ele. Se ele disser que não pode, buscaremos alguém do perfil dele;, afirmou.
Dias ainda disse que há lacunas na discussão sobre o caso da violação constitucional do juiz em divulgar grampos da ex-presidente Dilma Rousseff. ;Mesmo que tenha sido um desvio (do juiz), merece aplausos do mundo. Nós erramos. Vivemos em um país esquizofrênico. Você pode errar 99 vezes. Se errar uma, é condenado;, diz.
Confira algumas respostas do presidenciável sobre temas questionados:
Sonegação
O governo não pode colocar a mão no bolso dos pequenos se ele protege os poderosos. A forma mais eficaz de reduzir a sonegação e de combater veementemente é a reforma tributária, sempre prometida e nunca alcançada. Os governantes são muito imediatistas e oportunistas. Eles não calculam que a redução da carga tributária fará com que a roda da economia gire com mais força.
Mais Médicos
Quero substituir o programa Mais Médicos. Em tese, o programa é bom, é para atender as pessoas em lugares mais distantes. Nós estamos mandando dinheiro para Cuba para depois Cuba pagar salários miseráveis a esses médicos e que inclusive não revalidaram seus diplomas. Vamos acabar com esta aberração: dinheiro do imposto do contribuinte brasileiro sendo remetido para o governo de Cuba, que fica com a parte do leão e paga um salário insignificante para os médicos que vieram. Se tiverem diploma aceito no Brasil, esses médicos terão de fazer concurso para integrar a carreira. Não vamos tirar ninguém antes que completemos a mudança.
Previdência
Estamos vendo candidatos prometendo resolver todos os problemas do país em todas as áreas. Se não fizermos o ajuste fiscal competente, não há solução para nenhum dos problemas apontados. As fórmulas mágicas serão um fracasso. Proponho o rompimento com esse sistema de governança, sem esse balcão que esgota a capacidade financeira do setor público de investir em setores essenciais. Passaremos a ter o sistema da conta individualizada capitalizada. Você contribui para você mesmo. Vale tanto para setor público quanto privado. Não vamos ferir direito adquirido.
Privatizações
Apresentei um projeto que sugere que o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal sejam excluídos do sistema de privatização do país. São instrumentos fundamentais na alavancagem do nosso desenvolvimento. Imagine programas sociais sem a Caixa, a agricultura sem o Banco do Brasil. Não podemos ser vítimas absolutas do sistema financeiro privado.
PEC do Teto
Votei favorável, porque era necessário naquele momento algum mecanismo de controle dos gastos. Anarquizaram a administração do nosso país. O que estamos propondo vai além.
Reforma agrária
Temos condições de fazer uma reforma selecionando quem é do ramo, não aqueles aparelhados ao MST que são buscados na área urbana. A propriedade privada é um direito intocável e nós temos que respeitar a Constituição. Temos, por exemplo, extensas áreas de pastagens que podem ser transformadas para a agricultura produtiva, preservando o que deve ser preservado. Não vamos, de forma alguma, avançar sobre áreas de preservação.
Agrotóxicos
Temos que fiscalizar a utilização de agrotóxicos. Todos os países do mundo aplicam. Não há como se produzir sem se utilizar agrotóxico.