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Polícia Federal afirma que Temer recebeu vantagens; Planalto vê perseguição

Relatório final das investigações vê indícios de que o presidente teria cometido crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 06/09/2018 06:00

Chefe de governo teria participado de jantar, em 2014, no qual emedebistas solicitaram R$ 10 milhões ao grupo Odebrecht para campanhas eleitorais


No relatório final do inquérito sobre repasses de R$ 10 milhões do grupo Odebrecht para integrantes do MDB, a Polícia Federal concluiu pela existência de indícios de que o presidente Michel Temer cometeu crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O documento foi encaminhado ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF), e também indica a prática dos mesmos crimes pelos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia). Outro citado é candidato ao governo de São Paulo pelo MDB, Paulo Skaf. No caso dele, a PF aponta indício de prática de caixa 2.

O caso está relacionado com o jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, que foi detalhado nos acordos de delação de executivos da Odebrecht. Então vice-presidente, Temer teria participado do encontro em que o valor do repasse ao MDB teria sido solicitado.

No caso do presidente, a PF mapeou a entrega de R$ 1,4 milhão para João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo do emedebista. Para sustentar a tese, a PF ouviu o doleiro Álvaro Novis, responsável pelas entregas, e anexou ao relatório do inquérito uma conversa em que o próprio Lima aparece em ligação para a empresa de Novis em dias de entrega dos valores.

;Pelo teor da conversa, resta inconteste que, ao ser informado sobre a chegada da encomenda, João Baptista Lima Filho informou que estava distante do local, solicitando que o horário fosse remarcado para as 15h, informação que acabou se refletindo nos diálogos mantidos via Skype;, diz trecho do relatório.

A ligação para a empresa do doleiro foi às 10h25 de 19 de março de 2014. Às 11h35, Lima ligou para um celular em nome de Temer e, às 11h37, o amigo do presidente recebeu outra ligação da empresa do doleiro responsável pelas entregas. Logo após esta conversa, às 11h51, Lima voltou a ligar para Temer, com quem conversou por cerca de 5 minutos.

Além na entrega do dinheiro no dia 19, a PF mapeou outras duas, realizadas em 20 e 21 de março daquele ano. Sobre Skaf, o relatório da PF aponta que o candidato recebeu R$ 5.169.160 em 2014 por meio do publicitário Duda Mendonça como forma de custear gastos de campanha eleitoral não declarados.

O Palácio do Planalto afirmou que a conclusão do inquérito da PF ;é um atentado à lógica e à cronologia dos fatos;. ;A investigação se mostra a mais absoluta perseguição ao presidente;, diz a nota.

O ministro Eliseu Padilha disse que não comentaria o assunto. Moreira Franco informou que não solicitou valores à Odebrecht e que ;as conclusões da autoridade policial se baseiam em investigação marcada pela inconsistência;. Paulo Skaf afirmou que todas as doações feitas para sua campanha estão registradas na Justiça Eleitoral.

;É um atentado à lógica e à cronologia dos fatos. A investigação se mostra a mais absoluta perseguição ao presidente;
Nota do Palácio do Planalto sobre o inquérito da Polícia Federal

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