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A estratégia de Alckmin e Marina para tentar decolar nas pesquisas

Considerados os presidenciáveis mais moderados, a candidata da Rede está perdendo votos e o tucano não decola. Na busca pela reação, a ex-senadora mira eleitores de Haddad e Ciro, e o ex-governador tenta atrair os antipetistas

Gabriela Vinhal, Alessandra Azevedo
postado em 13/09/2018 06:00
Geraldo Alckmin cresce muito lentamente nas intenções de voto, e Marina Silva caiu do segundo para o terceiro lugar nas pesquisas eleitorais

Com a mudança no cenário eleitoral às vésperas de os brasileiros irem às urnas, Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSBD), os dois candidatos à Presidência da República considerados os mais moderados, estão tecnicamente empatados. Enquanto a candidata caiu do segundo para o terceiro lugar nas pesquisas mais recentes de intenção de voto, o tucano cresce a passos lentos, apesar de contar com a maior coligação e mais tempo de exposição na tevê e no rádio que qualquer outro presidenciável.

Cada um enfrenta um desafio diferente, mas a estratégia dos dois passa por um ponto em comum: tentar impedir o candidato do PT, Fernando Haddad, de decolar nas pesquisas. Como o petista é considerado o nome com maior potencial de crescimento, agora que passou a substituir oficialmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ; preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro ;, os esforços estão concentrados em atacá-lo e impedi-lo de chegar ao segundo turno.

Com a perda de espaço, Marina precisa não só recuperar os votos perdidos nas últimas semanas, mas conquistar os de outros candidatos da centroesquerda, como Haddad e Ciro Gomes (PDT). O objetivo dela é conseguir pescar a maior quantidade de votos que iriam para Lula, uma tarefa complicada, na avaliação do gerente de análise política da Prospectiva Consultoria, Thiago Vidal. ;Com a entrada do Haddad na disputa, parece muito pouco provável que ela consiga. A eleição não tinha começado até Haddad entrar no jogo;, destacou.

Já a situação de Alckmin é diferente. Embora ainda não tenha decolado, o tucano mostra crescimento lento entre uma pesquisa e outra. Mas, para que chegue competitivo ao primeiro turno, precisará subir 3% por semana e empatar com Jair Bolsonaro (PSL), uma média que não tem conseguido atingir. Um dos obstáculos é fazer com que os aliados, de fato, o apoiem. Um candidato que tem 10 minutos de tempo de televisão e a maior coligação entre os postulantes aparecer com apenas 10% da intenção de voto é bem abaixo do esperado, conforme avaliam os especialistas.

Uma das explicações para isso é que falta apoio na ponta. De acordo com levantamento feito pela Prospectiva, quase metade dos aliados de Alckmin nas prefeituras do Nordeste não o defende nos palanques e propagandas. Na prática, está mais alinhada com os candidatos a governador. Do potencial de 856 municípios da região, que contam com 14 milhões de eleitores, o tucano chega a apenas 412, ou 8 milhões.
;Metade do apoio dos municípios é jogado fora quando se considera o potencial de votos;, resume Vidal. Não significa que esses 412 estão fazendo campanha para Alckmin, mas que os outros não estão. ;Isso pode explicar por que ele não decola, já que a mesma situação acontece em outras regiões;, afirma o especialista.

Antipetistas

A esperança de Alckmin é que os eleitores antipetistas de Bolsonaro percebam que quem tem mais chance de vencer o PT no segundo turno é ele, não o candidato do PSL. Pela pesquisa mais recente do Datafolha, em um eventual segundo turno entre Alckmin e Haddad, 43% dos eleitores optam pelo tucano, enquanto 29% votariam no petista. Já entre Bolsonaro e Haddad, daria empate técnico, com 39% para Haddad e 38%, para Bolsonaro. ;Pode haver uma migração de última hora, para fazer um voto útil contra o PT;, diz Vidal.

Ontem, em evento em Minas Gerais, Alckmin afirmou que ;Bolsonaro é um passaporte para voltar o PT;. Segundo ele, ;é só olhar o segundo turno;. ;Você vota em um e elege o outro. Isso é um fato. Então, vamos trabalhar muito para chegar ao segundo turno;, declarou. O analista político Creomar de Souza acredita que o tucano ainda não acertou o tom da campanha. ;Tentava falar mal do Bolsonaro, mas agora quer construir uma narrativa antipetista;, avalia.


;Com a entrada do Haddad na disputa, parece muito pouco provável que ela (Marina) consiga (votos que iriam para Lula). A eleição não tinha começado até Haddad entrar no jogo;

Thiago Vidal, gerente de análise política da Prospectiva Consultoria

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