Politica

Horário eleitoral não engata e perde espaço para as redes sociais

Especialistas apontam que equipes mudam a estratégia, mesmo durante uma campanha curta como a atual, e reforçam as redes sociais. Tudo porque o programa político, depois de duas semanas, ainda não surtiu o efeito esperado

Bernardo Bittar
postado em 15/09/2018 07:00
Ilustração de três pessoas escondidas atrás do sofá olhando para a televisão

Quase metade dos brasileiros não se interessa pelo horário eleitoral na televisão. Segundo especialistas, o eleitor prefere acompanhar os bastidores das campanhas e as notícias pontuais, como a impugnação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atentado a Jair Bolsonaro (PSL). Quem acompanha de fato a propaganda eleitoral no rádio e na tevê quer complementar as informações que encontra na internet. Por isso, as equipes dos candidatos à Presidência cada vez mais reforçam os times de mídias sociais.

A pesquisa Datafolha divulgada no último dia 12 mostra que 49% do eleitorado brasileiro não têm interesse pela propaganda eleitoral dos candidatos a presidente e não a acompanha. Os outros 51% representam aqueles que são extremamente interessados (18%) ou os que assistem quando já estão com a tevê ligada (32%) ; 1% não opinou. Os eleitores que mais valorizam o horário eleitoral apontam preferência por Marina Silva (Rede), 47%; Geraldo Alckmin (PSDB), 43%; e Fernando Haddad (PT), 40%. Entre os apoiadores de Bolsonaro, que tem apenas 8 segundos, o número cai para 33%.

Mais de 40% dos indecisos e 18% de quem vota em branco dizem que a programação eleitoral na tevê é muito importante para o voto. Aninho Irachande, professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), reafirma a importância do rádio e da televisão, mas diz que elas perderam força no país. ;Pessoas com acesso à informação por mecanismos mais fáceis e rápidos, como sites e o WhatsApp, preferem usar esses meios de comunicação para se inteirar do que está havendo no cenário político;, explica.

Para Irachande, integrantes das classes mais baixas têm uma resistência maior ao uso dos celulares para fins políticos. ;A grande questão da internet é quando ela é usada nos smartphones ou no computador, no trabalho. Aí, a informação chega bem mais rapidamente. E você pode acompanhar apenas os temas pelos quais se interessa, muito diferente da tevê, que edita exaustivamente o material veiculado e tem uma abordagem mais abrangente;, analisa o especialista.


Desilusão


Felippo Cerqueira, professor de ciência política da Universidade Estadual de Goiás (UEG), confirma a impressão geral de que rádio e tevê ; meios de comunicação a que as massas têm acesso ; não despertam o interesse dos mais pobres quando o assunto é campanha eleitoral. ;Eles são os maiores usuários da tevê, mas querem utilizá-la para ver a novela e programas de entretenimento. Os números salientados pelas pesquisas refletem a desilusão das pessoas com a política;, detalha.

Os temas que mais sobressaem para a população durante as eleições, segundo Cerqueira, são saúde, segurança e educação. E eles podem ser mais bem detalhados em buscas na internet, inclusive, nas plataformas disponibilizadas pelos partidos. ;Você enxerga gente com muito tempo de tevê, como Geraldo Alckmin (PSDB), estacionado nas pesquisas. Bolsonaro tem seu público cativo na internet. É como Marina Silva (Rede), que ganhou apenas 16 segundos na televisão e tem sua imagem mais consolidada nas redes sociais.;

Lewandowski para julgamento de Lula


O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista (mais tempo para análise) do julgamento de um recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando o placar estava 7 x 1 para que o petista continue preso em Curitiba, onde cumpre a pena de 12 anos de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro. O pedido de vista de Lewandowski retira o processo do segmento virtual e agora ele será analisado presencialmente pelos ministros. Segundo resolução que normatiza os julgamentos no plenário virtual, ;não serão julgados em ambiente virtual a lista ou o processo com pedido de destaque ou vista por um ou mais ministros;. O texto detalha que os magistrados podem renovar ou modificar os votos. Ainda não há data para a análise do processo no plenário pelos 11 ministros.

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