Politica

Bolsonaro e Haddad são favoritos, mas analistas veem disputa aberta

Especialistas apontam Bolsonaro e Haddad como os mais fortes para chegar ao segundo turno, mas a polarização entre os dois pode ajudar Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e até Marina Silva. Campanha do deputado federal diz que conta com o crescimento petista

Leonardo Cavalcanti, Rodolfo Costa
postado em 26/09/2018 06:00
Especialistas apontam Bolsonaro e Haddad como os mais fortes para chegar ao segundo turno, mas a polarização entre os dois pode ajudar Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e até Marina Silva. Campanha do deputado federal diz que conta com o crescimento petista
As pesquisas eleitorais revelam que os dois principais eventos da campanha levaram a eleição para uma polarização difícil de ser quebrada até o primeiro turno, em 7 de outubro. A facada em Jair Bolsonaro (PSL), no último dia 6, e a confirmação da candidatura de Fernando Haddad (PT), 120 horas depois, foram decisivas para as subidas do capitão reformado e do petista e das estabilizações ou quedas de Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). Mais do que simples comparações de índices, os dados mostram que a corrida ainda está aberta, por mais que os nomes de Bolsonaro e Haddad sejam favoritos para o segundo turno.

Durante os últimos 20 dias, apesar de ver os índices de intenção de voto crescerem, Bolsonaro também aumentou a rejeição, o que deu munição para algumas análises sobre o teto atingido pelo capitão reformado. Cientistas políticos e marqueteiros ouvidos pelo Correio, entretanto, acreditam que o limite de apoios a Bolsonaro está ligado ao crescimento de Haddad. Os próximos levantamentos devem dar uma ideia mais próxima do desempenho do deputado federal do PSL. ;O teto de Bolsonaro parece fluido, pois depende da decisão dos outros candidatos em se posicionar em relação ao voto útil contra o PT;, afirmou Thiago de Aragão, sociólogo e analista de risco político.

Na prática, o que está em questão para Bolsonaro é o desempenho dos adversários, a começar por Haddad. Ele pode até chegar aos 30% em pesquisas mais amplas, como as feitas pelo Ibope e o pelo Datafolha, mas se o petista subir, haveria uma tendência de o capitão reformado puxar votos dos demais candidatos. ;Temos uma conta que mostra: a cada um ponto percentual ganho por Haddad, Bolsonaro ganharia 1,3 ponto percentual por causa da rejeição ao PT;, afirma um integrante da equipe do presidenciável do PSL. Segundo ele, tal crescimento deve aparecer nas próximas pesquisas. ;Primeiro se disse que o teto do Bolsonaro era 14, depois 20, agora 28. As pessoas têm de se decidir qual é o teto do presidenciável;, alfinetou o marqueteiro.


Movimento

;O movimento esperado era que Bolsonaro crescesse à medida que Haddad subisse;, diz Ivo Coser, professor de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ;Mas a rejeição do candidato do PSL tem aumentado e a perda de votos no Sul tem de ser considerada;, afirma Coser. Na avaliação do professor, Bolsonaro e Haddad são favoritos para o segundo turno, apesar de que não se deva desconsiderar Ciro e Alckmin, principalmente por causa dos ataques desferidos contra o capitão reformado. ;Pode-se dizer que Marina está fora desse jogo pelo percentual apresentado nas últimas pesquisas. Ela teria de ultrapassar três candidatos em menos de duas semanas, numa conta impossível de ser feita.;

Professor de sociologia da UFRJ, Paulo Baía afirma que a pesquisa do Ibope da segunda-feira é uma boa notícia para Haddad, pois ele apresenta um crescimento para além da margem de erro. ;O Ibope é um sinal de alerta para Jair Bolsonaro, que estacionou e teve os prognósticos de vitória embaçados em todos os cenários de segundo turno;, diz ele. ;Em termos puramente estatísticos, Ciro e Alckmin ainda estão no páreo com variáveis dependentes, ou seja, um dos dois tem que subir além da margem de erro e o outro estacionar ou cair, e torcerem para Bolsonaro despencar de seus 28%.; Para Baía, o tucano ainda tem tempo de propaganda eleitoral para exercer um ;marketing de combate;, que mira em Bolsonaro e Haddad a um só tempo. ;O cenário mais provável é Bolsonaro e Haddad.;

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