Lucas Valença - Especial para o Correio, Bernardo Bittar
postado em 27/09/2018 06:00
O Centrão, fiador da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) ao Planalto, começa a antecipar as movimentações para um possível desembarque. Caciques do DEM, PR, PP, PRB e Solidariedade pretendem tomar a decisão amanhã. Eles aguardam apenas a divulgação das próximas pesquisas de intenção de voto para resolverem a cartada final do bloco. Aliados dizem que conversas com Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) estão na mesa, mas encontram resistência entre alguns partidos. Flertes e deserções surgem a uma semana do pleito.
Como a ideologia do Centrão não é clara, isso permite que as siglas se alinhem tanto com a direita quanto com a esquerda. Nos corredores do Congresso, parlamentares que tentam a reeleição estão tranquilos. Sabem que qualquer um que seja eleito precisará do apoio do grupo: o bloco tem mais de 200 cadeiras no Parlamento. ;A discussão é, basicamente, para não se jogar apoio fora. Não dá para investir novamente em alguém que não terá chances de seguir adiante. Com o apoio dos parlamentares no Executivo, teremos uma pauta minimamente comum. Isso significa mais governabilidade;, analisou um dos assessores do PR na Câmara.
O professor de ciência política da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Felippo Cerqueira acredita que ;a grande questão; envolvendo o possível desembarque na candidatura do PSDB é o volume de deputados e senadores ;de volta ao jogo;. ;Eles (os parlamentares que se candidataram à reeleição) estão com suas campanhas encaminhadas e não precisam do apoio de um futuro presidente. A recíproca, entretanto, não é verdadeira. Como a eleição está imprevisível até agora, os presidenciáveis têm mais a perder. Esse é o ponto. O Centrão não perde nunca.;
A candidatura de Geraldo Alckmin ganhou ares de primeiro pelotão ao desbancar a de Ciro Gomes (PDT) na luta pelo apoio do Centrão, com dinheiro e tempo de tevê. O Solidariedade, um dos últimos partidos a endossar a aliança com o tucano, é um dos mais interessados em sair dela. ;O negócio não andou. As pesquisas deram um revés nas últimas semanas, quando impugnaram o Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT), e o Geraldo acabou indo lá pra baixo. É claro que existem conversas sobre apoio a Haddad e Bolsonaro. É nosso interesse. Mas ainda não há nada organizado de fato;, contou um integrante do partido.