Leonardo Cavalcanti
postado em 27/09/2018 06:00
Há oito anos, a ex-senadora Marina Silva exibia os melhores números entre os eleitores do Distrito Federal. Mesmo fora do segundo turno daquela eleição, ela conquistou mais de 600 mil votos em Brasília e nas regiões administrativas, o que a deixou em primeiro lugar por aqui, com 42% dos votos ; pelo menos 10 pontos percentuais a mais do que a petista Dilma Rousseff e quase 18 pontos à frente do tucano José Serra. A força da ex-ministra do Meio Ambiente foi considerada tão extraordinária que, em 2014, ela foi cortejada por candidatos ao GDF, ao Congresso e à Câmara Legislativa. E, praticamente, repetiu a performance de quatro anos antes, apesar de apresentar uma ligeira queda. Ainda assim, teve mais de meio milhão de apoios.
A fragmentação política entre os candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) nesta eleição, entretanto, deixaram Marina no pior momento das três eleições, não apenas no cenário nacional, mas também no Distrito Federal. ;A eleição atingiu a clássica polarização, aquela em que os eleitores se movimentam em busca do candidato capaz de derrotar quem ele não quer, de maneira nenhuma, como presidente;, diz Carlos André Machado, diretor do Instituto Opinião Política. ;Marina se perdeu nessa fragmentação política entre Bolsonaro e Haddad. O eleitor está mais distante do voto emocional e se aproxima do apoio calculado;, afirma Machado, para completar: ;Marina, a partir de alguns aspectos, como a falta de estrutura partidária, não conseguiu assumir uma postura mais agressiva, acabou sem se posicionar nesse jogo;.
Pesquisa realizada pelo Instituto Opinião Política, encomendada pelo Correio Braziliense e divulgada ontem, revelou que Marina vem perdendo fôlego desde 15 de agosto, quando aparecia com 11,7% das intenções de voto. Menos de um mês depois, a ex-senadora registrou 1,2 pontos percentuais a menos, dentro da margem de erro da pesquisa. No mais recente levantamento, porém, despencou para 5,8% e está em quinto lugar na disputa, atrás do tucano Geraldo Alckmin (6,8%), de Haddad (12,9%), do pedetista Ciro Gomes (13,3%) e de Bolsonaro (38,4%). O capitão reformado assume, assim, um papel que era de Marina nas eleições de 2010 e 2014, pelo menos na força eleitoral no DF. Entre os cinco primeiros, quem perde mais votos entre os estimulados ; quando se apresentam ao eleitor os candidatos ; é Marina, chegando a 3% das intenções, o que mostra a dificuldade de ela em manter o recall das disputas anteriores.
Se a votação fosse hoje, e a partir da conta total dos eleitores do DF, Marina sairia das urnas daqui com menos de 120 mil apoios, um quarto de votos a menos, se comparado com as eleições de 2010. ;Marina enfrenta o que chamamos de tempestade perfeita, em que uma série de fatores combinados leva um barco a pique. Nesse caso, tem a falta de estrutura e o pouco tempo de televisão, mas, aqui no Distrito Federal, a partir dos números que ela já exibiu no passado, a derrota pode ser simbólica por causa da polarização entre Haddad e Bolsonaro;, afirma um aliado da ex-senadora, ao falar, de maneira pragmática, sobre a campanha da presidenciável da Rede.
"Marina, a partir de alguns aspectos, como a falta de estrutura partidária, não conseguiu assumir uma postura mais agressiva, acabou sem se posicionar nesse jogo;
Carlos André Machado, diretor do Instituto Opinião Política