Agência Estado
postado em 03/10/2018 14:46
A psicanalista Tatiana Cremonini, filha do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, emblemático personagem de governos do PSDB ligado a políticos do partido, afirmou em interrogatório nesta terça-feira, 2, que "nunca fez parte de quadrilha". Pai, filha e outros 3 investigados são acusados por supostos desvios de R$ 7,7 milhões da estatal paulista em desapropriações do trecho Sul do Rodoanel. A investigação é da força-tarefa da Operação Lava Jato, em São Paulo.
"Eu nego, eu nunca fiz parte de quadrilha", disse.
Tatiana declarou que nunca pediu ao pai para interceder em nenhum assunto. Questionada por sua defesa sobre o motivo de estar sendo processada, a psicanalista falou. "Porque eu sou filha do meu pai."
A denúncia aponta desvios em proveito próprio e de terceiros, entre 2009 e 2011. O montante global teria sido de R$ 7,7 milhões (valores da época) em recursos e imóveis destinados ao reassentamento de pessoas desalojadas por grandes obras da Dersa na região metropolitana de São Paulo - o trecho sul do Rodoanel, o prolongamento da avenida Jacu Pêssego e a Nova Marginal Tietê.
A acusação aponta que o ex-diretor "comandava" o esquema. Os investigados são suspeitos de formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação.
A Lava Jato aponta que, ao todo, quase 1800 pessoas foram inseridas indevidamente nos programas de reassentamento das três grandes obras pelo esquema.
Segundo os investigadores, algumas dessas pessoas receberam indevidamente auxílios, indenizações ou apartamentos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), empresa parceira da Dersa nos reassentamentos.
A Lava Jato apontou que houve a inclusão de seis empregadas da família de Paulo Vieira e de Tatiana no programa de reassentamento do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.
Entre as beneficiadas estão três babás da família, duas domésticas e uma funcionária da empresa do genro de Paulo.
Entre 2009 e 2011, a mando de Paulo Vieira, segundo o Ministério Público Federal, os nomes das seis empregadas foram incluídos como de supostas moradoras do traçado do Rodoanel desalojadas pela obra.
De 2009 e 2012, todas elas foram agraciadas com apartamentos da CDHU no valor de R$ 62 mil na época, além de R$ 300 de auxílio mudança.
A auditoria da Dersa não encontrou qualquer documento que provasse que elas teriam direito ao benefício.