Politica

Mesmo ausente, Bolsonaro é alvo durante último debate de presidenciáveis

O candidato do PSL justificou problemas de saúde para faltar ao último debate do primeiro turno da eleição presidencial

Lucas Valença - Especial para o Correio
postado em 05/10/2018 00:49
Presidenciáveis
O último debate dos candidatos à Presidência da República, transmitido na noite desta quinta-feira (4/10) pela TV Globo, contou com a participação de sete dos presidenciáveis. Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), Fernando Haddad (PT), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSol), Alvaro Dias (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) marcaram presença nos estúdios da emissora. Cabo Daciolo (Patriota) e Jair Bolsonaro (PSL) não compareceram ao encontro. Apesar de já ter recebido alta hospitalar, o Bolsonaro teria recebido orientação médica para não participar do debate. Diante da ausência, teve suas propostas atacadas pelos opositores.
Logo no início do debate, Geraldo Alckmin afirmou que o governo petista "acabou gastando" mais do que arrecadava. Segundo ele, por isso, deixou um deficit elevado. O candidato do PSDB também lembrou que o PT chegou a votar contra o plano real ; no governo Itamar Franco ; e escolheu atual presidente Michel Temer para compor a chapa com a ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu um impeachment em 2016.

Ao responder à provação, Haddad defendeu a política adotada pelos petistas nos últimos anos. "Os nossos governos foram responsáveis pela melhor economia. No nosso período, a dívida pública caiu pela metade, pagamos o FMI. O que o candidato não reconhece é que depois que o seu partido foi derrotado em 2014, o PSDB se associou ao Michel Temer para sabotar o governo aprovando as chamadas "pautas bombas", explicou o petista.

Na primeira pergunta, o presidenciável do Podemos, Álvaro Dias, escolheu o candidato Henrique Meirelles. Porém, por se prolongar demais, inclusive usar o tempo para tietar o apresentador global, William Bonner, o cronõmetro chegou ao fim e o questionamento não foi feito. Sem ter o que responder, Meirelles criticou as "brigas dos candidatos" e a falta de propostas. "Vocês podem também chamar o Meirelles, que nós vamos desenvolver o Brasil e melhorar a sua vida", contou o emedebista.

Tempos depois, Álvaro Dias provocou o petista, Fernando Haddad. Ao ser questionado pelo apresentador sobre quem ele gostaria de dirigir a pergunta, o candidato foi irônico: "o Fernando Haddad, claro". "No final do programa eu vou entregar a você a real pergunta que o senhor vai levar ao real candidato", disse. A Haddad, questionou foi sobre a atuação da Petrobras num possível governo.

Em resposta, o petista demonstrou descontentamento com as provocações do adversário e questionou a seriedade de Dias. "Em primeiro lugar acho que você deveria ter mais compostura no debate. Não respeita o tempo, as regras e faz brincadeiras com coisas sérias". Sobre o questionamento, ressaltou que o investimento da Petrobras foi "multiplicado por 10". "Sem isso nunca teríamos achado o pré-sal", defendeu.

Combate às drogas

Sobre o combate às drogas, tema escolhido em sorteio pelo apresentador, Ciro Gomes, questionou a política que o candidato Guilherme Boulos, do PSOL, pretende pôr em prática. Boulos disse que a política de combate às drogas do país está ;falida; e que o modelo precisa mudar. Para ele, os donos do tráfico estão ;mais perto do Congresso do que da favela;. "A droga não nasce no morro, ela vem dos atacadistas. Essa ideia de que o usuário tem que ser atacado está superado em todos os lugares do mundo", informou.

Ciro Gomes utilizou a réplica para fazer críticas ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro. Ele afirmou que a indústria de armas Taurus teve um aumento de 180% de suas ações e que possui ;várias pessoas associadas à turma do Bolsonaro;.
Aliás, apesar de ausente, Bolsonaro esteve na linha de combate durante quase todo o debate. Foi acusado de "fugir" do diálogo com os outros postulantes ao Planalto. Meirelles, do MDB, disse que a ausência mostra um descompromisso com a população. Em meio a aplausos, a ex-ministra Marina Silva, da Rede, afirmou que Bolsonaro ;amarelou;. Ciro, por sua vez, que tenta se apresentar como opção à dualidade que lidera as pesquisas, buscou associar o capitão reformado ao fascismo.
Sobre segurança pública, Marina Silva, lamentou as mais de 63 mil pessoas assassinadas por ano. Ela, no entanto, contou que pretende "frear" as atividades de "quadrilhas e associações criminosas", que estão migrando, segundo a candidata, para estados que não possuem condições para tratar sobre esse tema. "E não vamos permitir que os criminosos fiquem comandando o crime da cadeia. Nós vamos, pelo sistema único de segurança pública, tratar a questão de violência, não só como caso de polícia, mas de justiça econômica e social", esclareceu.

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