Agência Estado
postado em 05/10/2018 17:00
O empresário Luiz Gastão Bittencourt, vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, orientou funcionários a votar em Jair Bolsonaro (PSL) em comunicado interno distribuído na quinta-feira, 4.
A mensagem, intitulada "Vamos votar com o Brasil" e acompanhada de uma bandeira nacional, diz: "Voto como cidadão e indico a todos aqueles que acreditam no meu trabalho, nas minhas ações e na minha determinação de servir à sociedade, que votem em Jair Bolsonaro. Votem com o Brasil, com a família e com Deus acima de tudo".
A mensagem diz ainda: "Está chegando a hora de decidirmos o futuro de nosso País, de nossas vidas e das futuras gerações. É hora de pensar o que nós queremos. É hora de decidir qual modelo almejamos, sem nos importar no que isso pode significar para nossa individualidade. Tempo de lutar pelo que realmente fará a diferença".
O texto reforça: "Acabei de ser eleito vice-presidente administrativo da CNC, e não tenho dúvida nem medo dos comentários que afirmam que Paulo Guedes, pessoa que deverá ser o homem forte da economia do governo Bolsonaro, vai mexer ou mesmo acabar com as contribuições do sistema S".
Na mensagem, mandada via intranet, Bittencourt se intitula um defensor do "direito à propriedade, da livre iniciativa e da meritocracia" e se declara alguém que "crê num ser superior e na família".
Afirma ainda: "Nesse momento, que o coletivo deva prevalecer sobre o individualismo e que ser honesto, patriota e respeitador das leis não seja um fato extraordinário, mas seja um hábito comum."
O comunicado foi recebido com espanto por parte dos destinatários, que a divulgaram para denunciar a prática. Este tipo de orientação de patrões é rechaçada pela justiça eleitoral, por configurar uma ofensa ao direito de escolha dos empregados.
Procurado pela reportagem nesta sexta-feira, 5, Bittencourt não deu entrevista. Foi divulgado apenas o seguinte comunicado oficial, pelo Senac: "Trata-se do posicionamento do cidadão Luiz Gastão Bittencourt. E não pode ser interpretado como incentivo ou recomendação de qualquer natureza."