Politica

Atuação de robôs cresce na semana decisiva da disputa presidencial

Especialista ressalta que as publicações geradas por robôs têm grande potencial de influenciar o resultado das eleições

Paloma Oliveto
postado em 23/10/2018 06:00

Urna eletrônica na cabeça de um homem

A menos de uma semana da votação do segundo turno, os robôs voltam a crescer nos debates políticos das redes sociais. Monitoramento on-line da Fundação Getúlio Vargas (FVG) mostra que, se houve retração das mensagens criadas por inteligência artificial no início do mês, desde a quinta-feira (11/10), elas foram impulsionadas. De sexta-feira a domingo, a movimentação se estabilizou, mas, nessa segunda-feira (22/10), as menções ao processo eleitoral geradas por bots retomaram fôlego. À 0h, eram 89; às 12h, 721, e, às 18h, 1.076.

Como ainda não foi feita a análise desses dados pela FVG-APP, é impossível dizer qual candidato recebeu mais menções de robôs. O relatório mais recente, referente ao período de 11 a 16 de outubro, identificou que 70,7% das publicações e dos compartilhamentos artificiais eram pró-Bolsonaro, com economia liderando os temas. Ontem, referências a esse assunto feitas por inteligência artificial caíram 0,05%, e à educação cresceram 0,25% em relação ao domingo.

Para o advogado especialista em direito eleitoral Ademar Costa Filho, o retorno dos robôs ao debate eleitoral pode ser uma tentativa de as campanhas evitarem fuga de votos. ;Está havendo uma pressão por mudança de votos nos dois lados. Dentro dessa lógica, pode-se estar tentando segurar aqueles já garantidos;, diz. O professor da PUC-GO Marcos Marinho Queiroz, especializado em Marketing Político e Eleitoral pela Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), também acredita que o bombardeio de informações, muitas vezes falsas, seja uma estratégia para o eleitor não mudar de lado.

O especialista ressalta que as publicações geradas por robôs têm grande potencial de influenciar o resultado das eleições. ;Nós formamos nosso modo de julgar, pensar e agir a partir de fragmentos de informações recebidas em grupos como escola, igreja, casa e, agora, com o ambiente da web. É óbvio que o que se diz ali será incorporado ao senso comum. É um paradoxo que, antigamente, tínhamos fontes mínimas de informação. Agora que há uma infinidade de canais, as pessoas pararam de pesquisar, e as informações recebidas de ambientes não checados legitimam um discurso que não é posto em prova.; Queriroz também critica a postura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sentido de coibir os robôs. ;Houve muita retórica, mas as ações nunca tomaram corpo.;

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