Politica

Indústrias cobram respeito à Constituição e à iniciativa Privada

No documento, publicado ontem (24), as associações que participam da frente Reformar Para Mudar alegam que o país passa por uma crise econômica, ética e moral

Camilla Venosa - Especial para o Correio
postado em 25/10/2018 15:26
Ilustração de trabalhadores em primeiro plano e indústria ao fundo
Em manifesto, associações da indústria da construção e imobiliária aproveitaram o momento político para se posicionar em defesa da Constituição Federal e do estímulo à iniciativa privada, mas não apoiaram diretamente nenhum candidato à presidência. No documento, publicado ontem (24), as associações que participam da frente Reformar Para Mudar alegam que o país passa por uma crise econômica, ética e moral.

Além do apoio à Constituição e à iniciativa privada, o movimento também se coloca favorável às reformas, como a da Previdência, a Trabalhista e a Tributária, à redução do tamanho do Estado, à defesa da democracia e à privatização criteriosa de empresas públicas. Apesar de algumas medidas estarem mais alinhadas às ideias do candidato Jair Bolsonaro (PSL), o presidente da Associação de Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano (AELO), Caio Portugal, reafirma que as posições não orientam apoio a nenhum presidenciável.
;Essas são ideias que nós acreditamos serem necessárias para garantir o desenvolvimento socioeconômico brasileiro, mas não temos lado. Nós sempre dialogamos com os governos. Temos posicionamento político, mas somos apartidários;, comenta o advogado. Já o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE), Glauco Humai, aponta que o manifesto tem a intenção de dialogar diretamente com a sociedade. ;O objetivo é conversar com a sociedade e estimular o eleitor a votar de forma consciente;, disse o presidente.

Em 2016, o setor da indústria empregava 7,7 milhões de pessoas, segundo Pesquisa Industrial Anual Empresa, divulgada pelo IBGE. Isso mostra a força do setor em dialogar e influenciar o governo a aprovar medidas que os beneficiem. Para o vice-presidente da Arko Advice, Cristiano Noronha, o interesse de entidades empresariais e de classe em apresentar suas pautas ao governo é comum e pode até aumentar a transparência das negociações de lobby.
;Esse tipo de manifesto pode dar legitimidade aos movimentos, porque a sociedade pode acompanhar o que as entidades defendem. Se você tem um interesse não defensável publicamente, republicano ele não é;, disse o cientista político.

O gerente de projetos da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), Renato Lomonaco, assume que o diálogo ultrapassa as fronteiras do Executivo. ;O Congresso tem papel fundamental para nós. Já temos diálogos com parlamentares para tentar melhorar o ambiente de negócios;, afirma Lomonaco.
De acordo com Noronha, essa influência na Câmara e no Senado não é novidade. ;Essa defesa faz parte de uma estratégia, não é algo recente. Mas a renovação do Congresso passa um recado para o meio político, então há uma mudança na mentalidade dos parlamentares e dos empresários. E a entidade que tem demandas publicáveis aponta um sinal interessante, pode ser que haja maior transparência nas articulações;, defende o cientista político.

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