Rosana Hessel, Lucas Valença - Especial para o Correio
postado em 29/10/2018 21:56
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), sinalizou que pretende fazer uma publicidade oficial mais direcionada, sem privilegiar veículos que fizeram denúncias contra ele durante a campanha. Ao ser questionado sobre liberdade de imprensa durante entrevista ao Jornal Nacional nesta segunda-feira (29/10), inclusive, fez declarações contraditórias.
"Sou totalmente favorável", afirmou, mas logo em seguida, fez uma ponderação em referência à Folha de S.Paulo, classificada por ele como uma imprensa "que não era digna". "No que depender de mim, uma imprensa que se comportar dessa maneira, não terá apoio do governo federal", afirmou o parlamentar, mas admitiu que não quer que o veículo acabe. Contudo, ele declarou que o jornal "não tem mais prestígio algum" e as matérias críticas sobre ele do diário são notícias falsas. "As eleições acabaram, chega de mentira e chega de fake new (sic)", disse .
O apresentador do JN, William Bonner, rebateu a afirmação do capitão reformado e defendeu que a Folha sempre apresentou espaço para o contraditório. "É um jornal sério, que cumpre um papel importantíssimo na democracia brasileira", completou.
Durante a entrevista, Bolsonaro tentou se afastar dos rótulos que foram atribuídos a ele durante a corrida presidencial, como homofóbico e de que pode por em risco à democracia no país. Em sua fala, buscou um tom mais conciliador e afirmou defender as instituições federais. "Realmente, agora estamos em outra época. Quero governar para todos do Brasil não apenas para as pessoas que votaram em mim. Temos uma Constituição que tem que ser a nossa Bíblia aqui na Terra e respeitá-la e só assim poderemos conviver em harmonia;, afirmou.
Atos violentos
Ao mesmo tempo, o parlamentar defendeu a punição a quem cometer atos violentos. "A agressão contra o semelhante tem que ser punida na forma da lei. E se for por um motivo como esse (homofobia), tem que ter a pena agravada", declarou ele, demonstrando que seu governo pretende ser implacável. "No país de Jair Bolsonaro, quem desrespeitar a lei vai sentirá o peso da mesma contra a sua pessoa", completou.
O presidente eleito também minimizou a fala agressiva transmitida para os apoiadores durante evento na Avenida Paulista, quando declarou que "os marginais vermelhos seriam banidos". "Foi um discurso inflamado, com a Paulista cheia. E, logicamente, estava me referindo à cúpula do PT e do PSol. Foi um momento de desabafo. Não feri a honra de ninguém", disse ele, ao justificar que era uma troca de acusações contra ofensas recebidas pelos opositores.
No fim da entrevista, Bolsonaro e confirmou que fará, em breve, um convite a ele para integrar o governo, sendo que ele poderá escolher entre ser ministro da Justiça ou do Supremo Tribunal Federal (STF). "Moro é um símbolo no país. Ele perdeu a liberdade no combate à corrupção. É um homem que tem que ter seu trabalho reconhecido", frisou, reforçando que pretende combater a corrupção, um dos motes de sua campanha. "É um homem que tem um passado exemplar no combate à corrupção. Ela tem que ser banida no país. Ninguém suporta mais essa prática tão nefasta", completou.